Sonhos refletidos em sombras (capitulo VIII- O conceito)

Capitulo 8 (O conceito)

Depois que Satine disse isso um trovão veio do céu direto na fogueira. Um enorme clarão me cegou e todos ao redor caíram no chão.
A impressão que eu tive foi de ter voado metros. Porém, eu me deixei cair, eu me entreguei e só voltei a mim quando bati com força no tronco de uma arvore, voltei a mim só por alguns instantes. Bati no chão e fiquei ali, como se ainda estivesse caindo, como se toda aquela dor nem existisse, mas eu estava sangrando e por fim me entreguei. Tentei gritar, mas eu estava grogue demais e só saiu um gemido abafado. Eu estava afastado das outras pessoas, eu ouvia gritos e barulhos, ora agudos, ora graves. Com muita dificuldade me sentei, olhei para o sangue em minhas mãos e nos braços, logo me dei conta de que estava sangrando por completo.
Olhei para frente e vi a cena mais incrível da minha vida até aquele momento. Uma batalha que nem o maior cineasta já produzira antes. Bruxos e vampiros, um contra o outro. Alguns com armas na mão, a maioria com espadas. Outros faziam de si as armas... Soltavam rajadas de cores diversas, alguns até voavam. Olhei para cima e vi Ray suspenso no ar. Ele estava com uma armadura medieval fantástica, era dourada e negra com um brasão vermelho enorme no peito. Seu rosto estava descoberto e seus olhos estavam brilhantes e da cor das nuvens. Era ele que controlava os raios e trovões. Constantemente ele acertava um bruxo que tentava aproximar-se dele ou que lutava no campo de batalha abaixo.
Eu fiquei tão assustado com a cena que não conseguia tomar uma atitude. O que eu realmente queria era sair correndo e gritando feito louco, mas eu fiquei olhando e vi, bem no meio da confusão Anne. Ela estava com uma roupa preta e rosa, colada em seu corpo, era basicamente composta de uma blusa que tampava os seios e um pouco dos braços, uma gargantilha, uma tanga, botas e luvas longas. Tudo preto com detalhes rosados. Seu cabelo solto caia em seu delicado rosto enquanto ela se movimentava numa habilidade e rapidez incrível. Deu pra ver que seus olhos também estavam brilhantes, as vezes ela atingia alguém com poderes, milhões de estrelinhas prateadas envoltas numa luz rosa saia de suas mãos direto em seus inimigos que eram lançados a metros de distancia dela. Mas na maior parte do tempo atacava com duas adagas sais de ouro com alguns rubis. Ela manuseava tão bem aquela arma que parecia que ela estava dançando. Ninguém podia com ela, nem mesmo bruxos com armas maiores conseguiam acertá-la. Ela derrubou vários oponentes e num salto caiu bem na frente de Satine que também lutava numa habilidade impressionante. Os poderes de Satine eram diferentes. Ela lançava jatos de algo que se parecia com um cometa, porém era arroxeado e muito mais brilhante. Satine estava com uma enorme trança, sua roupa era bem parecida com a de Anne, porém o pano era mais delicado e era toda branca. Apesar da movimentação, da poeira e do barro, ela continuava limpa e impecavelmente arrumada. Alias, todos eles.
As garotas se encararam por instantes. Os outros bruxos e vampiros ficaram quase totalmente imperceptíveis para mim. Eu olhava para elas, ali, paradas... Elas rodaram um pouco, se enfrentando, e Satine parou de costas para mim. Dava pra ver que elas começaram a conversar... A expressão de Anne era de quem estava muito brava. Ela falou algo para Satine, depois se calou e ficou escutando. Eu não sei o que Satine disse, mas seja lá o que for fez a expressão de Anne mudar. Agora era cada vez mais assustada. Seus olhos voltaram ao normal. Mais umas palavras de Satine e ela tomou uma expressão de ódio e pulou para cima de Satine com os sais. Satine se esquivou num vôo e ficou suspensa no ar. As mãos da bruxa começaram a brilhar e logo ela tinha em mãos dois sais, um em cada mão. Só que os dela eram feitos de mágia. Eram brilhantes e de cor branca, às vezes saiam faíscas, principalmente quando batiam em algo, como os sais de Anne. Oh sim! Começaram a lutar. Anne pulou no ar e agora também estava voando. As duas começaram a batalha mais fabulosa que alguém pode imaginar. Cada movimento parecia ter sido elaborado por algum renomado coreografo. Agora não falavam mais, gritavam, berravam cada vez mais alto. Eu estava zonzo demais para entender o que diziam, fiquei ali olhando, assim como todos os outros que ainda estavam de pé. Todo mundo parou pra ver a luta das duas.
Enquanto eu olhava tudo aquilo, Ray me viu e veio do céu até a mim... Parou do meu lado e disse num tom apavorado:
-Estrela Vespertina, eu machuquei você!!!
Eu me virei pra ele e vi o velho bruxo atrás dele. Apesar da raiva que estava de Ray não pude deixar que ele fosse atacado daquela maneira. Reuni toda a força que tinha e gritei:
- Cuidado Ray!!!
O velho então atacou Ray com a espada. Porem o vampiro parou a arma com o punho e pegou o velho pelo braço. Dominou o senhor tão facilmente que eu quase aplaudi.
-Covarde! É assim que agem os bruxos? Atacando pelas costas? COVARDE!!!- Ray disse e depois apertou ainda mais o braço do bruxo.
- Vocês não merecem nenhuma honra... De qualquer maneira que os ataquemos, será uma maneira justa. – O velho disse enquanto gemia de dor.
Ray o virou e os dois ficaram cara a cara. Ray segurava o velho pelos braços e ele o encarava com muito ódio no olhar.
-Vocês acharam mesmo que nós perderíamos o príncipe tão fácil para vocês? – Disse Ray
-Se você ainda não notou já o perderam a muito tempo! – O velho respondeu.
Ray o esbofeteou o rosto com uma das mãos e o velho começou a sorrir e disse:
-Parece que já é tarde. O garoto não confia mais em vocês. Logo vocês perderão os dons e tudo mais. Logo nem a luz da lua será benevolente com vocês. Admita vampiro, vocês já perderam o dia, logo perderão todo o resto.
-Não!! Ainda não acabou. - Ray disse nervoso
-Pare de se enganar, vocês se tornarão apenas uma lenda. Vamos vampiro, não se iluda. Vocês não são mais os mesmos. Antes vocês dominavam tudo e todos. Não mais. O sol é nosso aliado agora, vocês se tornaram como os vampiros dos livros. Logo, logo o príncipe vai estar no papo. Será uma delicia trazer ele para o nosso lado. Vocês estão sozinhos. Ele se entregara pra mim facilmente, e tudo o que existe será meu!
Aquelas palavras agiram como um... Um... Um peteleco muito preciso na minha cabeça e no meu coração. Ray soltou o velho e deu alguns passos para trás. Anne jogou Satine para longe e se virou para a nossa direção, nos olhando com uma cara séria e arrasada.. Derrepente eu não via mais nenhum vampiro, o velho começou a rir e eu não via mais ninguém. Logo já não via mais nada. Perdi muito sangue e então desmaiei.