Sete Verdades -~ Informações & Capítulo I [Darciso]

por **Kiko Chuck** Dom Set 06, 2009 5:06 pm

============ Comentário do Autor
"Bem, mal acabo uma FIC e lanço outra ;O... Essa não vai ter coisas eróticas! (para felicidade - ou não - de Brian). Espero que gostem..."
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============ Informações
Autor: Kiko Chuck
Censura: 16+
Contém: violência, loucuras, entre outros.
Gêneros: ação, comédia, drama, psicologia e suspense.
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============ Prólogo
O gosto pelo sangue não é o paladar único de um vampiro, mas de pessoas que realmente gostam de matar. Acho que se não fosse humano, eu seria um vampiro... Pena que já estou... morto.
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============ Capítulo I - [Darciso]
Meus vícios se completavam entre a noite e o dia quando minha sede por sangue aparecia e uma vítima enfim aniquilava. Porém, numa noite em especial, fui capturado por um grupo de rebeldes que descobriram meus movimentos e se revoltaram, procurando por mim. Com machados e facões, fatiaram-me, esmagaram-me e, naturalmente, mataram-me. Talvez este fosse o meu destino, simplesmente morrer.
Agora, em forma de alma, vago por um lugar que não conheço, mas percebo que não sou o único a vagar. E com vagas lembranças sobre minha vida antes de morrer, encontrei vítimas anteriores. Elas também me reconheceram, e com certeza não queriam minha presença. Mas, não sabia onde estava, o que fazer, e nem com quem falar. Todos tinham ódio ou medo de mim. Até que observei outras seis almas completamente diferentes das almas normais. Assim como eu, elas aparentavam ter alguma vida. Mesmo sendo estranho uma alma ter vida, eu sentia que eles eram diferentes. Nós nos entreolhamos e sem perceber já havíamos criado uma pequena roda de bate-papo.
-Olá... - iniciei uma conversa.
-Háháháhá! Olá! - um ser de olhos verdes, cabelos castanhos, não curtos, mas também não longos, aparentemente divertido e com uma roupa velha e rasgada falou. - A vida é tão estranha, não?
-Por que você fala sobre a vida depois de morrer? - falou uma senhora de longos e lisos cabelos vermelhos, óculos escuros, aparentemente rica com uma roupa sofisticada. - Não tem mais sentido ficar falando da vida, a morte sim é estranha.
-É, concordo. - respondi. - Mas, como não há nada pra fazer, seria interessante falar sobre nossas vidas antes da morte, não acha?
-Bom, não temos nada em jogo mesmo... - cochichou um jovem bem arrumado. - Pode ser um bom passa-tempo...
-Então, começa por você... Você parece ser jovem, morreu cedo, não? - falou a senhora. - Comece por seu nome.
-É, morri cedo sim... - falou o jovem. - Mas, eu mesmo me matei. Eu me chamo Darciso, ou, ao menos, me chamava assim.
-Certo, Darciso, por que se matou? Pra mim, isso é coisa de gente fraca! - debochou a senhora.
-Peraí, vamos ver o que o Darciso tem a falar sobre seus motivos. - falei.
-Diferente de vocês, minha vida nunca foi útil para ninguém, eu creio. Sempre colocavam sobre mim um compromisso que não queria e, para piorar, todas as coisas que eu realmente queria, sejam elas materiais ou psicológicas, nunca conseguia obter.
-Isso é normal, na vida, nada vem para sua mão à qualquer hora sem ninguém se mover. Alguém tem que fazer alguma coisa, entende? - expliquei.
-Sim, entendo. Acho melhor explicar desde o começo, detalhadamente, a minha história.
Darciso nasceu numa cidade próxima a um rio, com culturas muito estranhas e uma biodiversidade enorme. Na região, chuvas eram constantes e o calor era intenso. Frutas e animais exóticos também faziam parte de seu lugar de moradia. Tudo parecia ser perfeito para se viver, mas, sua cidade estava em conflito territorial com uma cidade vizinha, que precisava do acesso ao rio para obter água.
Como filho do prefeito, ele tinha obrigações de manter a postura e finalizar os estudos, sem se importar com o que acontecia. Mesmo ele querendo lutar, obedecia aos mandados do pai, enquanto outros jovens e adultos eram reunidos na luta para acabar com o conflito territorial. Até mesmo seus professores haviam ido à guerra, enquanto deixaram apenas exercícios para que ele finalizasse até o período de volta às aulas. Isso o tornara num ser extremamente solitário, adaptado à falta de conversa e sendo observador. Gostava de ver tudo o que se passava frente à janela de seu quarto, onde vira coisas horríveis como estupro, assaltos, espancamentos e assassinatos, tudo frente à janela de seu quarto. Ele sabia como resolver o conflito, mas não queria resolver. Preferia observar o conflito piorando cada vez mais, como um passa-tempo.
Porém, certo dia, sentiu a necessidade de ser útil. Percebeu que ninguém sentira sua falta durante três semanas de guerra, nem mesmo sua não-namorada Jéssica, a menina no qual se apaixonara acidentalmente no colégio. Ele sentiu a necessidade de ir até ela e protegê-la de todos os problemas possíveis, estava crescendo mentalmente, tornando-se maturo.
Desceu pela janela de seu quarto e logo foi para a casa de Jéssica. Sabia o caminho mais seguro, onde o conflito nunca passara uma vez sequer. Ao chegar na casa, não perdeu tempo e tentou subir pela janela do quarto de Jéssica, achando que ela estaria dormindo ou praticando voz, como uma ótima cantora faria. Mas, ao ver através da janela, notou que ela estava acordada e que havia um homem junto, na cama. Por momentos, paralisou-se. Não demorou para lágrimas escorrerem sobre seu rosto, fazendo-o soltar-se e cair no chão, numa queda quase que fatal, mas, que não o deixou gravemente ferido. O som da queda chamou a atenção do casal que logo foram até a janela ver o que acontecia, mas, Darciso já não estava mais lá. Correu para seu quarto onde passaria a noite em depressão.
Por dias, viveu com a idéia de que era um inútil, que não serviria para nada e que ninguém notaria sua rápida morte, até que seu pai pediu sua ajuda no problema com a outra cidade. Darciso respondeu sem perceber que sua resposta resultou no fim do conflito que ele tanto adorava assistir.
Como gratidão do povo que sofria, fizeram uma cerimônia exclusivamente para Darciso, numa tentativa de animá-lo, mostrando o quão útil ele foi. Desde então, ele voltou a si e substituiu seu pai como prefeito, sendo o prefeito mais novo já eleito naquela cidade. Trabalhou muito para continuar com o cargo durante anos, até que o povo parou de demonstrar sua gratidão, como se tudo o que ele fazia fosse apenas sua obrigação, nada mais. Sendo assim, ele não entendia qual a utilidade de fazer tudo aquilo, apenas pelo povo e não receber nada em troca, nem mesmo uma demonstração de gratidão.
Ele não gostava daquele trabalho, um serviço tão desvalorizado naquela cidade. Mas, ele não tinha talento para mais nada e nem uma mulher para honrar, sendo forçado continuamente a permanecer no cargo. Certo dia, ele cansou de tudo, do trabalho, da desvalorização de sua existência, de sua vida.
Com cordas bastante resistentes, amarrou-se com nós impossíveis de se desamarrar e jogou-se no profundo rio, onde se afogou. Por dias, começaram a notar a falta do prefeito e, numa pesca, um pescador achou um corpo não-identificado boiando pelo rio. Apenas três semanas depois, descobriram que aquele corpo era, na verdade, do falecido Darciso. Toda a história de Darciso fez a população re-pensar em suas ações e sua morte foi valorizada pelos prefeitos da próxima geração.
-E assim, só fui valorizado depois de morrer.
-É... Acontece com muitas pessoas. – falei – Teve aquele Michael Jackson, lembra?
-Michael Jackson morreu? – perguntou a senhora.
-Quem é Michael Jackson? – perguntou o cara divertido.
-De que tempo vocês são? – perguntei.
-Aqui, os espíritos são de épocas diferentes, não sabia? – ela perguntou.
-Ah... Então isso vai ficar ainda mais interessante!
E este foi o início para uma análise de tempos distintos, a história de sete almas distintas.
========= Continua no Segundo Capítulo. Wink