[Cap. II. A Rainha do Reino de Mont Carlo]

Os olhos azuis cristalinos, fitavam o horizonte para fora da janela da carruagem real. Nunca vira uma paisagem tão bela quanto aquela, desde que o Império Negro assolava os reinos da era média. Os campos eram de um verde intenso ao pé das montanhas, onde as ovelhas pastavam livres, à comando de um pastor.

Depois de mais algumas horas de viagem, a bela paisagem foi tornando-se escura e sem vida. Uma fumaça preta subia do solo dissolado pelas chamas, e nada podia-se dizer que estava vivo naquela direção.

A carruagem deu um solavanco brusco antes de parar totalmente. A rainha que admirava a paisagem, viu-se curiosa para saber o que se passava, quando o rei abriu-lhe a porta. Ele montado em seu cavalo, esperou que a mulher colocasse a cabeça para fora, para então lhe explicar o que acontecera.


-Não saia. - disse-lhe ele. - Aparentemente um vilarejo foi destruído pelo exército de Vérnon...

-Sim, meu rei... - a rainha assentiu com a cabeça, depois o rei fechou a porta da carruagem.


A jovem mulher não se conteve em olhar pela janela novamente. Seus olhos se arregalaram assim que vira um rio de sangue banhar o solo. Mais a frente, corpos de mulheres e crianças, homens e idosos, espalhados pelo que parecia um campo de batalha. A fumaça que subia do vilarejo, emanava o fedor de carne queimada, provocando um ardor nos olhos de quem o sentisse.

A rainha tapou as narinas, levantando as mãos até as cortinas da pequena janela, mas antes que pudesse fechá-las, seus olhos encontraram um pequeno movimento dentro da fumaça negra. Abriu mais os olhos a fim de enxergar melhor, então notou a aparência de uma criança.


-Parem! - ordenou de dentro da carruagem. As concubinas ao seu lado se assustaram com inesperada ordem, olhando para a jovem rainha preocupadas. - Há uma criança! Ali, dentre a fumaça! - a carruagem parou bruscamente mais uma vez, então ela saiu. Não esperou que pegassem em sua mão, nem mesmo a presença de seu marido. Correu na direção da pequena silhueta desesperada, adentrando a fumaça negra e toxica.

-Não, minha rainha! - ouviu um dos cavaleiros da segurança real avisá-la do perigo que seria entrar ali, porém não deu ouvidos. A pobre criança poderia estar morrendo no meio daquela fumaça mortífera.


Com uma mão tapando o nariz, ela adentrou o campo sangrento sem pensar nas consequências. Seus olhos entreabertos, tentando enxergar a pequena que estava ali à um minuto, procuraram por ela atortoados, antes que perdesse os sentidos pelo cheiro forte da fumaça. Sentiu uma mão agarrar seu braço, assim que avistou novamente a silhueta pequena mover-se na nuvem negra. Rapidamente, ela saltou para perto dela e a agarrou pelo braço, sentindo seu corpo amolecer-se pela intoxicação. Prendeu a pequena criança em seus braços, depois deixou-se ser levada pelas mãos que a seguravam.


-Por que fez isso, Ariel? - perguntou o rei irritado. - Poderia ter morrido!


A mulher abriu os olhos, e então sentiu o ar puro voltar aos seus pulmões. Seus olhos preocupados desceram até a criança em seus braços, depois abaixou-se para apoia-la em seu colo.


-Eu queria salvá-la... - responde ela - meu rei...

-Como ainda pode estar viva? - murmurou um dos soldados. - Ela estava dentro daquela fumaça!


A rainha vasculhou o corpo da pequena. Estava intacto, saudável, como se nada tivesse acontecido à ela. Estava com olhos abertos e confusos, olhando para as pessoas que a fitavam impressionados.


-Como é o seu nome, minha pequena? - perguntou a rainha. A menina não respondeu. Parecia assutada e ao mesmo tempo confusa, encarando os olhos azuis da jovem rainha.

-Temos que ir, Ariel... - disse o rei virando-se para os soldados. - Todos apostos!

-Sim, majestade!


A rainha continuou sentada ao lado da menina, sorrindo, tentando espantar todo medo que ela estivesse sentindo.


-Levante-se, Ariel.

-Não posso deixá-la aqui... - murmurou sem fitá-lo.

-Ela não é problema, nosso.

-Meu rei... - o fitou tristemente. - Por favor... Se ficar aqui, ela morrerá.

-Ela é problema do Reino de Dragonwishi.

-Então vamos levá-la até eles... - os olhos azuis brilharam em clemência para o rei de Mont Carlo. - Por favor...


O rei fitou a criança mais uma vez, depois fitou sua bela rainha. Os olhos da cor do céu, suplicantes e arregalados para ele; os cabelos louros bem compridos balançando pelo vento, cobrindo hora ou outra os seu rosto alvo e belo. O rei amava sua rahinha, mais que qualquer coisa existente no mundo. A conheceu quando ela era ainda muito criança, apaixonando-se pela pureza e sua inocência. Como negar àqueles olhos?

-Leve-a para dentro. - ordenou. A mulher sorriu, levantando-se com a menina nos braços.







-Nós já soubemos do ocorrido ao pequeno vilarejo das redondezas. - afirmou o rei de Dragonwishi ao rei de Mont Carlo. - Fora lá que meus soldados encontraram meu filho, que havia sido sequestrado à tempos.

-Pegaram o culpado?

-Não. Meu filho estava desacordado um pouco próximo do vilarejo e não se lembra de nada.

-O senhor deve ter sido informado de que os guerreiros negros, estavam mortos...

-Sim. - o rei Karius I, levou a taça de vinho até os lábios. - Foram mortos por uma bruxa.

-Uma bruxa? - perguntou o outro rei atônito. - À tempos que não vejo um mago, nem mesmo uma bruxa...

-Uma bruxa matou os guerreiros, meu caro Lucios III. - Karius bebeu o vinho mais uma vez. - Eles estão praticamente extintos hoje em dia. É muito raro encontrar um feiticeiro em um ou dois reinos ultimamente.

-Mas pelo notado, a bruxa chegou tarde demais ao pequeno vilarejo.

-Sim. Ainda desconheço o motivo dela ter atacado os cavaleiros de Vérnon, já que não pretendia salvar os camponeses. - Karius I desviou os olhos do rei de Mont Carlo, para a pequena silhueta às portas do palácio. - Venha Karius.

-Majestade... - prostou-se diante de seu pai, sendo fitado pelos olhos ágeis de Lucius. O rei notou na pequena marca em sua têmpora, que tinha uma forma grotesca de uma folha ou uma chama, era confuso dizer o que poderia ser aquilo. - Rei Lucius III. - cumprimentou-o.

-Príncipe...

-Fico grato de ter aceito o pedido de ajuda de meu pai, porém também peço-lhe desculpas por sua vinda aqui ter sido em vão, já que me encontraram.

-Não se desculpe, filho. - disse-lhe gentilmente o rei Lucius. - Tenho certeza de que o Reino de Drangonwishi faria o mesmo por Mont Carlo...




Lucius adentrou o quarto onde hospedara sua rainha, deparando-se com a mesma penteando os cabelos da criança, agora limpa e vestida com roupas da realeza.


-Partiremos ao amanhecer. - afirmou ele quando se aproximou. - Já que encontraram o príncipe, não precisarão de nossa ajuda.

-Ainda bem, meu rei... - a rainha suspirou. - Não estava nada feliz em saber que começariam uma guerra sem a certeza de quem fora o real culpado pelo rapto do príncipe. - ela sorriu para a menina em seu colo, penteando seus cabelos molhados. O rei observou a cena calado, mas ao reparar a marca ao lado do olhos esquerdo da pequena, ele ficou rijo.

-O que é isto?

-Parece uma cicatriz... - respondeu a rainha passando levemente os dedos sobre a marca.


O rei olhou mais de perto, notando que aqueles contornos lembravam a mesma marca que havia no pequeno príncipe Karius II, porém tinham uma forma diferente. Parecia uma flor, com pétalas encaracoladas.


-Peça para uma escrava levá-la. - indagou o rei à rainha que estreitou os olhos.

-Levá-la para onde, meu rei?

-O rei Karius disse que nenhuma outra criança da família real ou dos nobres, fora raptada. Esta criança é apenas uma camponesa. Como está sem família, se tornará uma escrava.


A rainha olhou tristemente para a menina, como se fossem tirar um pedaço do corpo dela.


-Eu não posso permitir isso... - murmurou ela, quase inaudível, mas o rei a escutou.

-O que não pode permitir? - sua voz saiu áspera, porém a rainha não se intimidou.

-Eu a salvei... Eu a enxerguei na escuridão, Lucius... - as lágrimas já molhavam seu rosto contorcido pela dor. - Foi como um sonho perdido, foi como se eu tivesse perdido algo, e ela apareceu para me salvar... - o rei não entendia o sentido de suas palavras, mas sabia que sua mulher sempre dizia que lhe faltava algo, depois da morte de seu segundo herdeiro ainda em seu ventre.

-Nossa filha está em Mont Carlo, Ariel... Nossa princesa nos aguarda. Essa criança é uma camponesa, sobrevivente de um terrível massacre. Ela apenas teve a sorte de ser vista por seus olhos no meio daquela fumaça negra...

-Eu não consigo deixá-la...

-Ela não substituirá nosso último filho! - os olhos marejados da rainha o fitaram aflitos. A mesma expressão de dor que ela fizera quando acordara após dar a luz ao seu segudo filho, e ele não estava ao seu lado.


A rainha abraçou a pequenina confusa em seus braços, tentando cessar as lágrimas de caírem dos olhos.


-Sim... Meu rei...


Lucius saiu do quarto, em passos duros, e foi direto para o trono do rei Karius. Ele sabia que o rei não lhe negaria a criança, já que esta não tinha importância para o reino de Dragonwishi. O difícil seria explicar ao rei os motivos de seu pedido. Ele amava sua rainha, mesmo que às vezes ela exagerava em seus desejos, mas vê-la triste era a pior coisa que gostaria de ver. Ela já sofrera bastante depois da perda de seu filho, não queria vê-la sofrer mais.

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Continua...

Hau! Vlw!!!

Acho que só dah a gente lendo a fic do outro... A fórum tah meio vazio...
Espero que isso acabe...

bjss

Gostei.
É uma trama bem interessante... Quando sai o capítulo III? :3

Opa! Mais um leitor!! Legal...

o 3 sai fresquinho amanhã...

Até!!

bjss e brigada por ler...

Hmm, deixa eu ver se sou bom em previsão...
Tem 5 reinos e cada um vai ficar com uma das 5 crianças ? -q

Tem que ter mais que 5 reinos *-*
Pra fazer aquela tão esclarecida denuncia de q o mundo guerreia entre si para ter o poder... q nesse caso seria o poder das 5 crianças =0
imagina, reinos disputando para ter as crianças para si, numa tentativa inutil d dominar o mundo ... hauouaheuha

tah, desculpa ... >.<
eu imagino d+ sabe... xD

Kissu \o

Tem muitos muitos reinos...

Nos próximos capítulos as coisas vão se esclarecer melhor, o começo é sempre confuso...

Vlw por comentar!!

bjs