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[FanFic] Vento Noturno

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Mensagem por Brian Ter Set 13, 2011 6:42 pm

Autor: Victor Gois [Brian]

Capítulo Um
A garota de Comodo



Nota: Os acontecimentos desse capítulo se passam durante o Episódio V (Juno).


---
A cidade de Comodo estava agitada, mas não era uma festa. Não ainda. Comodo sempre foi conhecida por ter festas dia e noite em todos os dias do ano, mas esta seria especial. Em todos os cantos da cidade eram murmurados rumores de que o rei em pessoa viria para a comemoração. Pessoas corriam de um lado para o outro enfeitando a cidade, deixando-a mais bela do que nunca.

- Você está linda, minha filha!

Dentro de uma casa, uma mãe arrumava alguns detalhes na roupa da filha, que se sentia incomodada. As roupas de odaliscas eram desconfortáveis, ao menos para ela. Como ainda era muito nova, a sua roupa era diferente das roupas das dançarinas mais velhas, sendo menos reveladora. Reclamava que o vento a deixava com frio, e que a roupa a incomodava.

- Parece que eu estou nua... - Murmurou, olhando para a roupa.

- Não fale assim, Catherina. Você está linda!

A garota, Catherina, olhou para a mãe. A mulher, odalisca por profissão, dançava alegremente, improvisando alguns passos. Seus longos cabelos castanhos, iguais aos da filha, balançavam de um lado para o outro. Ela cantarolava alguma música de sua época, feliz com o mundo. A garota só havia aceitado se fantasiar de odalisca porque sua mãe havia insistido muito. Catherina saiu da casa, que ficava perto do mar, e sentou-se na areia. Um homem sentou ao lado da garota, dedilhando um belo e detalhado violão clássico.

- Você está linda, Cat.

A garota suspirou. O pai, um bardo, sempre apoiava as ideias da esposa, inclusive a de fantasiar a garota para a festa. O homem apertou a bochecha da garota e sorriu. Tinha um belo sorriso.

- Sabe, depois da festa nós vamos para Prontera.

- Por quê? Alguma promoção que nem na outra vez?

O homem riu. - Não, não. Nós vamos nos mudar para lá.

- Mudar? - A notícia chocou a garota. - Mas... e quanto aos meus amigos?

- Você não precisa perder contato com eles, Cathy. Pode mandar cartas sempre, e nós voltaremos para cá de vez em quando. Nenhuma distância separa a verdadeira amizade.

A garota olhou para o chão, triste. O homem se levantou e limpou a areia das roupas. Afagou a cabeça da filha e foi para a casa checar se a esposa já estava pronta. A garota ficou só, olhando para as ondas. Uma vida nova em Prontera, podendo ver os amigos de vez em quando. Por que algo tão que parecia tão bom a angustiava tanto?

***
Meia noite. Os fogos de artifício estouravam, formando belas e coloridas figuras em toda Comodo. Os rumores estavam corretos e o rei, Tristan III, compareceu à festa junto a sua guarda. As garotas da cidade flertavam com jovens cavaleiros e templários que, com suas imponentes armaduras e belas montarias, estavam a serviço do rei. Alguns bardos tocavam alegremente no palco enquanto as dançarinas acompanhavam a música com movimentos do corpo. As pessoas na platéia gritavam o nome dos artistas, incluindo o nome do pai de Catherina, que se apresentava junto aos demais bardos. Ao fim da apresentação, todos aplaudiram, começando pelo rei. Os artistas agradeceram a platéia e saíram do palco, dando espaço para outros bardos e odaliscas se apresentarem.

- Você foi ótimo, Saul! - Disse um jovem. - E a Dália também estava ótima.

O bardo riu. - Obrigado! Fico feliz que você tenha gostado.

- Sim, mas é uma pena que você vá se mudar.

- Eu sempre voltarei para cá. Não importa onde eu esteja, Comodo é minha casa.

Catherina olhava a festa de longe. Seus amigos pareciam estar ignorando-a. Não queria perder contato com eles, mas eles estavam com raiva dela por algum motivo que ela não sabia qual. Suspirou melancolicamente e olhou para o céu. O tempo foi passando e passando, até a festa finalmente acabar, já com o raiar do dia. Havia passado toda a festa escondida de todos. Bocejou e seguiu até sua casa. Se eles não queriam saber dela, ela também não queria saber deles. Despiu-se e deitou-se na cama. Teria algumas horas de sono até Saul vir acordá-la para seguirem para Prontera. Catherina se perguntou se iriam junto com a caravana do rei, que também estaria voltando para Prontera. Em meio a um sem fim de pensamentos, adormeceu. Sonhou com um jovem empunhando uma bela espada, e mais algumas pessoas que apareceram apenas como vultos. Mas também sonhou com sangue.

***

Dália acordou a filha com um sonoro “bom dia". A garota espreguiçou-se e olhou para um pequeno relógio na cabeceira da cama. Só havia dormido por algumas poucas horas. Iriam pegar um portal com a Kafra para Morroc e apenas no outro dia iriam para Prontera, já que Saul tinha alguns assuntos para resolver na cidade. Catherina olhou pela janela, triste. Não queria se mudar e perder todos seus amigos. Pensou por que eles estavam chateados com ela.

- Provavelmente porque eles acham que eu não queria contar para eles que eu ia me mudar. - Pensou. - Não é justo. Eu também não sabia que ia me mudar.

Do lado de fora da casa, o pai, com a ajuda de um cavaleiro e um ferreiro, amigos de longa data, terminava de retirar tudo da casa. Após alguns instantes, Saul pediu para a Kafra por todos os móveis no armazém. Dália e Catherina foram até onde Saul estava, se despediram de todos e pegaram um teleporte para Morroc. Catherina sentiu como se estivesse sendo puxada pelo umbigo. Era por isso que nunca gostou de teleportes.

- Bom, estamos em Morroc. - Disse Saul, rindo. - Vamos pernoitar aqui. Eu tenho uns assuntos para resolver.

O trio seguiu até uma das hotelarias e fizeram sua reserva. Catherina e Dália ficaram cuidando de guardar as coisas no quarto enquanto Saul saiu para resolver seu compromisso. A garota ficou olhando pela janela da hospedaria o movimento da Joia do Deserto. Como haviam se hospedado no sul da cidade, tinha uma boa visão da área de comercio. A cidade era bastante agitada, com gente correndo, gritando e vendendo. Deitou-se na cama e fechou os olhos. "Essa cidade deve ser mais animada que Prontera", pensou. Ficou alguns instantes refletindo sobre tudo que estava acontecendo e se levantou.

- Mãe, vou dar uma volta pela cidade. - Disse Catherina, pegando um pouco de dinheiro.

- Tudo bem, mas volte logo e não se afaste muito daqui.

A garota saiu da hotelaria e seguiu para onde se concentravam os mercadores. Gastou suas moedas com balas vindas de Lutie e algumas guloseimas de lugares que ela nunca tinha ouvido falar e saiu para conhecer a cidade enquanto comia seus doces. Entre uma bala e outra, notou um alvoroço perto do castelo de Morroc, e se aproximou para ver o que era. Um grupo de espadachins cercava um gatuno.

- Seu ladrãozinho desgraçado! Nós, da cavalaria de Prontera, vamos mostrar para você o que acontece com ladrões! - Gritou um espadachim loiro, derrubando o gatuno.

- Eu não roubei nada! Eu juro! - Gritava o gatuno, apavorado.

- Só por pertencer à guilda dos gatunos te torna culpado, desgraçado. - Disse outro espadachim, acertando um chute na barriga do gatuno logo em seguida.

Catherina olhou horrorizada a cena. Pensou em ir até onde ficavam os mercadores e aventureiros para pedir ajuda, mas um dos espadachins a viu.

- Aquela garota! Peguem ela!

Catherina tentou correr, mas os espadachins foram muito mais rápidos e a derrubaram.

- E ai, Karl. O que devemos fazer com ela? - Perguntou um espadachim ruivo que estava imobilizando Catherina para o loiro.

- Vamos mostrar para ela o que acontece com quem tenta ficar no caminho da justiça. - Disse o loiro, que aparentemente era o líder do grupo.

O espadachim ruivo fez que sim com a cabeça e ergueu o punho. Estava prestes a acertar Catherina quando uma pedra o atingiu na testa, nocauteando-o instantaneamente. Os outros espadachins procuraram ver de onde veio a pedra.

- Cavalaria de Prontera? Vocês? E eu sou o Paulo McCurtney. - Disse um cavaleiro de longos cabelos castanhos.

- Sabe, Sean? - Disse um arruaceiro de cabelos vermelhos espetados, brincando com uma pedra em sua mão. - Talvez devêssemos mostrar para eles como a justiça realmente age.

Os espadachins soltaram Catherina e pararam de agredir o gatuno. Recuaram, com medo, deixando para trás seu amigo desacordado. O arruaceiro foi até Catherina, enquanto o cavaleiro foi ver como o gatuno estava.

- Você está bem, garota? - Disse o arruaceiro ruivo, arrumando o cabelo de Catherina.

- Estou sim. Obrigada por me salvar, senhor.

O arruaceiro riu - Senhor? Nah, me chame de Yan. Sua bochecha está com um peque no corte...

Yan pegou uma poção branca e pingou algumas gotas na ferida. A ardência do líquido em sua ferida quase fez a garota soltar um grito. O líquido formou uma espessa espuma no local da ferida, que fechou instantaneamente. O arruaceiro ajudou Catherina e levantar e encarou os espadachins, ainda congelados de medo. Catherina notou que mais algumas pessoas, um caçador e um mercenário, estavam com Yan e Sean.

- Ao menos eu vejo que foram homens o bastante para não saírem correndo como galinhas. - Disse Yan, com a voz alta o bastante para chamar atenção dos que estavam na feira. - Vejam vocês, caros cidadãos! Esses espadachins recém formados já se consideram cavaleiros! Atacaram um gatuno sem motivo e tentaram machucar uma garota de... - Yan se virou para Catherina e abaixou tom de voz. - Quantos anos você tem mesmo?

- Oito.

- Obrigado. - Disse. Pigarreou e aumentou seu tom de voz novamente. - Tentaram machucar uma garota de oito anos!

Todos fuzilaram os espadachins com os olhos. Os espadachins vomitavam variadas desculpas sem sentido para as pessoas, até que uma Kafra tomou a frente da multidão.

- Peguem eles! - Gritou a Kafra.

A multidão correu atrás dos espadachins, que fugiram. Catherina achou graça da cena. Era uma ótima punição para eles.

- Muito obrigado, senhor. - Disse o gatuno para o cavaleiro.

- Não tem o que agradecer. Eu só fiz meu dever, jovem. Vejo que você não faz parte de uma guilda. Porque não se junta à nós? Nosso clã sempre aceita novos membros.

- Eu aceito sua proposta senhor. Me sentiria honrado em me juntar a vocês!

- Não me chame de senhor. - Riu o cavaleiro. - Me chame de Sean. Sean Whiterose.

- Eu me chamo Don Evory.

- Então, Don, seja bem vindo. - Disse o arruaceiro, entregando um emblema, um "O" e um "A" em tons gradientes de azul para verde, ao gatuno. Virou-se para a garota. - E você? Onde mora?

- Eu estou hospedada num hotel aqui perto. - Catherina parou, lembrando-se de algo. - Ah, meus doces!

A garota se abaixou e pegou o saco, completamente pisoteado, do chão.

- Eu devo ter soltado quando eles me derrubaram. - Disse, triste.

Yan coçou o queixo e foi até onde Sean estava. - Me empresta uma graninha? Odeio ver garotas chorarem.

Sean riu. - Tudo bem. Mas depois me devolva.

Yan agradeceu e foi até onde a garota estava. - Se quiser, eu te compro outros doces.

A garota sorriu. - Sério? Eu ficaria muito agradecida!

- Sim, mas depois você vai direto para o hotel.

O arruaceiro e a garota seguiram de volta para onde os mercadores estavam vendendo suas mercadorias. Ao menos os que não haviam se juntado à multidão que pretendia linchar os espadachins. Apesar do arruaceiro ter dito que os espadachins haviam sido homens o bastante para não correrem, Catherina sabia que, se eles tentassem fugir, o mercenário e o caçador que estavam com Yan e Sean os interceptariam. Pararam perto a um jovem mercador com uma hélice na cabeça que alegremente vendeu os doces. Com os doces em mãos, seguiram para o local onde Catherina estava hospedada.

- É aqui! - Disse Catherina, apontando com a mão que não segurava o pacote de doces para a grande construção.

- Então é aqui que nos despedimos. Foi um prazer te conhecer senhorita... qual o seu nome mesmo? - Perguntou Yan, sem jeito.

- Catherina. - Disse a garota, pondo uma bala na boca. - Catherina Nightwind.

- Então, senhorita Catherina, é aqui que nos despedimos. Se aparecer em Morroc de novo, a sede da guilda fica... - O arruaceiro olhou para os lados e sussurrou baixinho a localização da sede da guilda no ouvido da garota. - Quando quiser ver a mim, ao Sean ou o Don, só aparecer lá.

O arruaceiro piscou um olho para Catherina, sumiu usando a habilidade 'esconderijo' e, provavelmente, seguiu seu caminho usando a habilidade 'túnel de fuga'. "Arruaceiros são legais", pensou Catherina, "pena que são tão mal vistos por todos". A garota entrou na construção e seguiu até o quarto. Délia se assustou com a quantidade de doces que Catherina carregava.

- O que é isso? Assaltou um mercador? - Perguntou Délia, rindo.

Catherina pensou um pouco antes de responder. Talvez não fosse bom contar tudo que havia acontecido. - Estavam em promoção. Acho que o mercador teve sorte quando foi em Lutie.

Délia riu novamente. - Quem me dera eu ter sua sorte, Cat.

Catherina sorriu de um jeito torto. - Pois é, sorte.

A garota pôs o pacote cheio de doces no criado-mudo e deitou-se na cama. Pensou em tudo que aconteceu e logo adormeceu. Tinha de compensar as horas de sono não dormidas. Teve um sono sem sonhos, o que a fez perder a noção do tempo. Parecia que apenas alguns minutos haviam se passado até que um grande estrondo fez com que Catherina acordasse. Como estava escuro, teve de tatear por alguns instantes até conseguir achar a janela. Abriu-a e notou que um grande grupo de pessoas correndo, e um pequeno, com os rostos cobertos por capuzes, atacando os mais lentos e ateando fogo em barracas de mercadores. A garota chamou pelos pais, apenas para perceber que eles não estavam no quarto. Desesperada, correu para fora do hotel.

- Mãe! Pai! - Gritava, tentando achar algum dos dois.

Foi até onde os mercadores costumavam vender, procurando-os. Não percebeu um cavaleiro atrás dela erguer sua lança, pronto para atacá-la. Um arruaceiro correu até o cavaleiro e removeu sua arma, impedindo que ele atacasse Catherina. Em seguida tratou de remover a armadura, o elmo e o escudo do cavaleiro, deixando-o desprotegido.

- Maldito! - Gritou o cavaleiro, que esporeou seu peco peco para bater em retirada.

O arruaceiro apontou seu arco para o cavaleiro e, com um disparo certeiro, derrubou-o de sua montaria. Virou-se então para checar a garota.

- Você está bem?... Catherina?!

O arruaceiro era Yan. Catherina explicou, gaguejando, que seus pais haviam sumido.

- Acho que eu posso procurar por eles. Mas antes preciso te deixar em segurança. Venha comigo para a sede.

O arruaceiro puxou a garota pelo braço, desviando de cavaleiros, mercenários, ferreiros e vários outros homens encapuzados. Em poucos instantes estavam dentro de uma casa, com várias pessoas dentro.

- Sean, temos um problema. - Disse Yan. - Temos vários desaparecidos, inclusive os pais da Catherina.

O cavaleiro coçou o queixo. - Temos que dar um jeito na Bra Oms. Não é justo que ela ataque Morroc apenas por ser a sede de nossa guilda.

- Bra Oms? - Perguntou Catherina, confusa. - O que é isso?

- Isso é o que está atacando a cidade. É uma guilda rival. - Respondeu Yan. - Sean, precisamos fazer algo agora.

O cavaleiro levantou-se e foi até o centro da sala, perto de Catherina e de Yan. Todos os membros da guilda olharam para o líder, esperando suas palavras.

- Companheiros, não é justo que uma cidade pague o preço pela megalomania de um louco. Vamos para a cidade parar a Bra Oms. Ajudem os que precisarem de ajuda e derrotem o inimigo. Precisamos ser rápidos. Só as nornas sabem o que Mathew pode fazer enquanto ele não conseguir o que ele procura.

Todos se levantaram e começaram a se preparar. Sean olhou para Catherina e depois para Yan. Seus olhos, azuis de um tom gélido, expressavam um misto de preocupação e de seriedade.

- Quero que vocês dois fiquem aqui. Será mais seguro para a Catherina.

- Mas eu preciso procurar meus pais! - Disse Catherina.

- Apenas fique aqui. Nós vamos procurar por eles. Juro. - Disse Sean, antes de sair.

***

Bem longe de Morroc, num mosteiro a leste de Prontera, dois aprendizes treinavam. Lutavam com bastões, um atacando e o outro defendendo, em um ritmo constante. O jovem de cabelos castanhos, quebrando o ritmo, avançou contra o de cabelos brancos, que apartou o golpe. A força aplicada pelos dois jovens foi tanta que os dois bastões, não aguentando, quebraram. Os dois caíram no chão, exaustos.

- Você vai dar um ótimo monge, Brian! - Disse o de cabelos brancos, arfando.

- Talvez ser um monge não seja bem o que eu quero. Talvez um sacerdote. - Disse Brian enquanto limpava o suor de sua testa com as costas da mão. - Ouvi dizer que alguns sacerdotes se especializam em combates.

- Talvez. Mas eu ainda acho que você teria futuro como monge.

- Ainda não sei por que você quer ser um sacerdote, Orfeu. Usar magias para curar os outros, tendo tanto potencial de combate.

- Nem sempre a força física é a resposta para tudo, Brian. As vezes você deve apenas ficar dando suporte e usar a cabeça e o coração. Agora, vamos voltar. Caso contrário, iremos tomar uma bronca do irmão Tohobu.

- Vai na frente. Eu vou descansar só mais um pouco.

Orfeu riu. - Lembre-se que a preguiça é um pecado, Brian.

Orfeu se levantou, estalou o corpo e seguiu rumo a uma grande construção. Brian esperou até o amigo sumir de vista para se levantar e sair da abadia. Não estava com paciência para ouvir os longos sermões dos monges. Lembrou-se do conselho que Hyunmoo, um dos monges da abadia, havia lhe dado e evitou atacar os yoyos, pequenos macacos que habitavam as florestas dos arredores de Prontera. Lembrou-se também de evitar o choco, um yoyo maior e agressivo que líderava outros yoyos. Foi andando, pensando na vida, até chegar perto de onde começava a floresta das mandrágoras.

- Acho que daqui eu volto. - Falou Brian para si mesmo.

O jovem deu meia volta e começou a seguir a trilha de volta para a abadia. Já havia quatro anos que ele morava na abadia. Ele não tinha como se perder. Havia quatro anos que ele estudava para ser um noviço. Quatro anos que ele conhecia Orfeu. Quatro anos que havia sido separado da irmã, Corah. Quatro anos que sua mãe havia morrido e seu pai sumido. Brian suspirou e voltou a caminhar.

- Socorro! - Gritou uma voz de longe. - Por favor, alguém!

Brian sentiu a espinha gelar e correu para ver o que era. Uma jovem noviça estava sendo atacada por um choco e seus yoyos. A garota corria o quanto ela podia, mas vez ou outra algum yoyo a alcançava e a atacava. Brian pensou como ajudá-la, mas não conseguia pensar em nenhum plano que não resultasse na morte dele e da noviça. Porém, como um relâmpago, um cavaleiro surgiu e atingiu o choco com um golpe certeiro de lança, matando-o. Os yoyos, agora sem seu líder, correram para todos os cantos, amedrontados.

- Você está bem, irmã? - Perguntou o cavaleiro, desmontando do peco peco para ajudar a noviça a se recompor.

- Estou sim. Obrigada, cavaleiro. - Disse a noviça, sorrindo tímida.

Cavaleiro. O guerreiro honrado que ajuda os mais fracos. A personificação da nobreza. Quase como magia, isso chamou a atenção de Brian. Não queria ser um sacerdote ou um monge. Queria ser um cavaleiro. E foi pensando nisso que voltou para a abadia.

***

Os membros da Bra Oms haviam fugido de Morroc, derrotados pela guilda de Sean, mas deixaram grandes prejuízos na cidade. Em especial para Catherina. Sean sentiu vontade de ralhar com a garota, dizer que havia mandado ela não sair da sede. Mas não tinha coragem de dizer isso. Yan se sentia culpado por ter se distraído e aberto uma brecha para Catherina fugir. Mas não se sentia mais culpado que a garota.

- Isso deve estar sendo duro para ela. - Comentou Yan para Sean.

O cavaleiro apenas assentiu com a cabeça. A dor de ver seus pais morrerem para te proteger deveria ser horrível. A cena ainda estava presa em sua memória, a mãe da garota protegendo a filha de uma chuva de flechas e o pai sendo retalhado, impedindo os cavaleiros e mercenários de chegarem perto da filha. Foi a primeira vez que ele realmente havia sentido desespero durante um combate. Não só ele, como toda a guilda. Acabaram matando todos os membros da Bra Oms que estavam por perto, numa tentativa desesperada de fazer o sacrifício dos pais da garota não ter sido em vão.

- Yan. Nós vamos para Prontera. - Disse Sean, baixinho.

- Mas... e a Catharina?

- Ensine para ela seu ofício. Depois encontre o resto da guilda na Praça das Mãos ao meio dia. Leve o tempo que precisar. Estaremos lá todos os dias, esperando você.

- Você quer que eu a ensine a roubar?! Ela só tem oito anos!

- Vamos ficar muito tempo longe de Morroc. Isso já foi longe demais. E a menos que você queira que ela tenha de depender da sorte, você irá fazer o que eu estou lhe dizendo.
Continua...


Última edição por Brian em Sex Jun 12, 2015 8:24 pm, editado 4 vez(es)
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[FanFic] Vento Noturno Empty Re: [FanFic] Vento Noturno

Mensagem por Brian Sex Ago 03, 2012 8:53 pm

Capítulo Dois
Dois anos



Nota: Os acontecimentos desse capítulo se passam durante o Episódio V (Juno).


---
Orfeu e Brian treinavam como costumeiramente, no pátio perto da grande capela da abadia. Brian usava um bastão mais curto, empunhando-o com apenas uma mão. O jovem de cabelos castanhos batalhava de um jeito desengonçado, não acostumado a empunhar a arma desta maneira. Após um ataque mal sucedido de Brian, Orfeu aproveitou a abertura e avançou.  Sem muita dificuldade, dominou o amigo rapidamente, desarmando-o e o atingindo a parte de trás das pernas com o bastão, forçando-o a cair de joelhos.

- Por que você não usou um bastão normal? - Perguntou Orfeu, ajudando o amigo a levantar. - Parecia que estava tentando usar uma espada.

- Eu estava. - Disse Brian, ficando em pé com dificuldade. - Você bateu com muita força.

- Desculpe, foi sem querer. – Orfeu arrumou seus cabelos, que começavam a grudar na testa por causa do suor. - Espera, você estava? Brian, noviços não usam espadas!

Brian abriu um sorriso torto. – Bom, eu acho que mais cedo ou mais tarde eu ia ter que falar para alguém. Que a primeira pessoa a saber seja um amigo.

- Pode falar, estou ouvindo.

- Eu não quero me tornar um noviço. Eu quero me tornar um espadachim, e depois um cavaleiro.

Orfeu passou a mão pelos cabelos e suspirou, pensativo. - Por que isso de repente? Ontem mesmo você me disse que queria ser um sacerdote.

Brian explicou toda a história para o Orfeu. Contou que havia saído da abadia e que havia visto uma noviça ser atacada por um choco e seus yoyos, e como um cavaleiro a salvou. Orfeu notou que os olhos do amigo brilhavam enquanto narrava a história.

- Bom, você vai ter que tornar pública sua decisão de se tornar um espadachim.
- Eu pretendo fazer isso quando estiver melhor no uso da espada. Até lá, mantenha em segredo, ok?

O jovem de cabelos claros fez como se estivesse costurando a boca e, em seguida, fez um sinal de 'ok', o que fez Brian rir. Ficaram mais alguns instantes conversando até que ouviram barulhos de piados e grasnidos e olharam para o céu. Alguns ragglers, pássaros um pouco menores que um cachorro de pequeno porte e que costumam levar mensagens de um lugar para outro, seguiam para perto da grande capela, com alguns já pousando nela. As cartas que os parentes mandavam para os filhos, as notícias do mundo exterior, suprimentos. Tudo isso os ragglers traziam. Um sino badalou melodiosamente. Era a chamada para todos irem buscar suas correspondências.

- Vamos? - Perguntou Orfeu, animado.

- Vá na frente. – O jovem deu de ombros. - Não tem nada para mim mesmo.

O jovem de cabelos brancos lembrou que a mãe de Brian havia falecido e que o pai estava desaparecido. Sorriu, sem jeito.

- Então... A gente se vê lá, certo?

Brian acenou para Orfeu, que saiu correndo em direção à capela. O jovem suspirou, absorto em pensamentos. Pegou o pequeno bastão e voltou a treinar esgrima, dessa vez contra o vento. Estava tão concentrado no treino que mal notou um sacerdote com uma barba loira se aproximar.

- Bom dia, Brian. - Disse o sacerdote.

Brian, com o susto, acabou jogando o bastão para cima, que girou no ar algumas vezes e, por fim, acabou o atingindo na cabeça. Brian, massageando o local atingido, virou-se para ver quem falava com ele.

- Padre Bamph! - Brian pegou o bastão do chão. - É uma surpresa te ver por aqui.

Bamph riu. - É um bastão meio pequeno, não? Você estava brincando de ser um espadachim?

- Bom... Sim. Quer dizer, na verdade, eu estava treinando, sabe?

- Treinando? Você não pretende se tornar um templário, não é? - Disse Bamph, desconfiado.

- Não, não! Eu quero ser um cavaleiro!  Ah, espera, eu não devia ter te contado isso!

Bamph riu. - A cavalaria e a igreja são bem próximas. Eu não vejo nenhum motivo para você não se tornar um cavaleiro.

- Mas, por favor, não conte para ninguém, ok?

- Sem problemas. Minha boca é um túmulo.

Brian suspirou aliviado. Ainda era muito cedo para anuncia sua decisão de se tornar espadachim.

- Brian! Brian! - Orfeu gritava, longe. Sua voz soava animada. - Venha aqui! Rápido!

- Bom, acho melhor você ir ver o que é. - Disse Bamph.

O jovem fez que sim com a cabeça e correu até onde o amigo estava. Imaginou o que poderia ser. Talvez seu pai tivesse lhe enviado uma carta. Brian correu mais rápido, animado, até chegar onde estava Orfeu e os outros noviços. O jovem de cabelos brancos entregou um envelope para o amigo, que arfava por causa da corrida.

- Tem seu nome escrito aí. - Disse Orfeu, rindo do sorriso bobo do amigo.

Brian olhou para o envelope. Estranhou o emblema que estava nele, um detalhado “B” vermelho. Tratou de procurar o remetente.

- E aí? De quem é? - Perguntou Orfeu, curioso.

- Adelina Biancardi. Eu já ouvi esse nome em algum lugar, mas onde?

- Bom, abra a carta!

Brian fez o que o amigo disse e abriu o envelope. Dentro do envelope havia uma carta e um pequeno pacote. Brian ficou com a carta e entregou o resto a Orfeu.

- O que diz a carta? - Perguntou Orfeu, mexendo no pequeno pacote.

- Deixe-me ver... "Primo, finalmente consegui descobrir onde você está"... É isso! Adelina é minha prima! - Brian riu e deu um tapa na própria testa. – Tem anos que eu não a vejo.
- Ela deve ter tido trabalho te procurando. A abadia é um lugar bem isolado do mundo.

Brian fez que sim com a cabeça e voltou a ler. - "Quando eu soube que você estava na Abadia de Santa Capitolina, pensei em pedir ao padre Bamph permissão para você vir morar comigo em Al de Baran, mas acho que não seria bom para você ficar preso na cidade. Os arredores daqui são muito perigosos, sabe? Quando puder, venha me fazer uma visita! Semana passada abriu um restaurante perto dos canais. A comida é divina! Também mandei junto à carta algumas fotos da minha filha, Cecilia, mas pode a chamar de Ceci. Pois é, eu agora sou mãe. Ela é quatro anos mais nova que você. Abraços e beijos, Lina".

Brian sorriu. Era bom saber que alguém da família ainda se importava com ele. Tomou o pacote com as fotos da mão de Orfeu e o abriu. A primeira foto era de Adelina, sentada perto dos canais de Al de Baran, com Ceci em seu colo. Adelina, uma ferreira, tinha cabelos ruivos razoavelmente longos e olhos castanhos, além de ser bastante baixa e ter um rosto magro. Ceci tinha cabelos castanhos bastante claros e olhos cor de mel. Seu rosto lembrava o da mãe, porém um pouco mais arredondado. Brian passou as fotos lentamente. Lina não havia mudado muito desde a última vez que havia visto ela, antes da morte de sua mãe. Perguntou-se se ela já estava grávida quando havia a visto pela última vez.

- Olha, se eu fosse você, eu tratava de responder essa carta agora.

Brian riu. - Tem razão. Eu vou buscar um papel e um lápis. Mas depois você vai me ajudar no treinamento, certo? Essa carta me deu um novo ânimo.

***
- Eu não desejo me tornar um noviço. – Disse Brian, nervoso.

Irmão Muhae, o monge que administrava a abadia, ajeitou-se em sua cadeira. - Muito bem, meu filho. Acho normal que nem todos que se abrigaram na abadia desejem se tornar noviços. Diga-me, o que você pretende ser? - Perguntou o monge, bebericando um pouco de chá.

O garoto engoliu em seco. - Um espadachim, irmão.

Muhae cuspiu o chá que tomava e olhou assustado para Brian. - Tem certeza? Um espadachim? Digo, daqueles que usam espadas?

Brian fez que sim com a cabeça. Muha balbuciava, aparentemente nervoso, palavras sem sentido.

- Posso entrar? - Perguntou Bamph, batendo de leve na porta.

- P-pode, irmão. - Respondeu Muhae.

Bamhp entrou na sala e acenou para Brian, que acenou de volta. - Irmão eu queria discutir com você as atitudes suspeitas de algumas noviças. Ouvi dizer que algumas delas estão... por Odin, por que você está tremendo? Parece que viu uma assombração.

- Bamph, ponha um pouco de juízo na cabeça desse jovem! Ele quer se tornar um...

Bamph coçou a barba e interrompeu Muhae. - Um cavaleiro, não é? É isso que ele quer se tornar. Eu não vejo nenhum motivo para impedir ele de se tornar um.

- Um cavaleiro? - Muhae parecia aliviado. - Se é assim, tudo bem, eu acho. - Pigarreou. – Senhor Garamond, você tem minha permissão para se tornar um cavaleiro.

- Quando Orfeu e os outros noviços forem para Prontera para se iniciarem como noviços, você vem comigo até Izlude, Brian. Eu tenho alguns assuntos para resolver lá. - Disse Bamph.

Brian sorriu e agradeceu aos dois. Resolveu não pensar porque Muhae enfatizou tanto o fato de que ele deveria se tornar um cavaleiro. Saiu da grande capela e correu até onde ficavam os quartos dos aprendizes de noviço.

- E ai? Como foi? - Perguntou Orfeu, parando de ler as Eddas Poéticas, uma das leituras obrigatórias dos monges.

- O padre Bamph me deu uma ajuda, mas o irmão Muhae me deu sua permissão. Quando você e os outros forem para Prontera, eu vou para Izlude!

- Então agora só nos resta desejar boa sorte um para o outro, não é?

- Pois é. Foram dois anos treinando com um pedaço de pau. Como você acha que eu vou me sair com uma espada?

- Acho que vai acabar decepando alguém. - Disse Orfeu, rindo. - Não, falando sério, você sai se sair bem como espadachim. Eu tenho fé em você!

Brian sorriu para o amigo. Os noviços iriam para Prontera no mês seguinte. Só mais trinta dias. Trinta longos dias.

***
Dois anos se haviam passado desde que os pais de Catherina morreram. Também havia se passado dois anos desde que Yan, Karl e o resto da guilda haviam desaparecido. Yan havia ficado por uma semana a mais que o resto da guilda, ensinado a Catherina como ser uma gatuna, mas após ensinar a garota tudo que ela precisava saber ele também sumiu. Havia a ensinado a como não fazer barulho ao andar e ao respirar, a como se disfarçar na multidão e, o que ela julgava mais importante, a não levar mais do que o necessário. A garota passava pelos mercadores, olhando de relance para dentro de seus carrinhos. "Será que nenhum deles tem um pouco de carne?", pensou. Não era tão fácil achar mercadores vendendo comida a tarde, já que os melhores pedaços de carne e as melhores frutas eram compradas de manhã, e os que sobravam eram jogados fora.

- Balas! Balas diretamente de Lutie! Ba-laaas! - Gritou um mercador não muito longe da Kafra.

O mercador era jovem e estava muito distraído tentando chamar a atenção da multidão, não dando atenção para o carrinho. Parecia ser um furto fácil, mas Catherina hesitou. Havia muitas pessoas perto da Kafra. Seu estômago falou mais alto e decidiu furtar as balas. Foi até a Kafra e trocou algumas palavras com ela, cordialmente. Foi em direção ao mercador e, no momento que ele se afastou para reclamar com um ferreiro que estava fazendo muito barulho ao forjar suas armas, pegou uma pequena sacola de balas, rapidamente misturando ele a outras bugigangas que prendia em seu cinto. Se certificou de que ninguém havia notado seu furto e se preparou para fugir, mas olhou para o mercador. Parecia ter começado há pouco tempo na profissão e não ter muito dinheiro. Sentiu um pouco de culpa e, após se certificar novamente que ninguém estava olhando, pôs alguns zenys, o bastante para cobrir o prejuízo que ela havia lhe causado, no carrinho e fugiu. Morroc havia se tornado sua casa nos últimos dois anos. Não havia um canto da cidade que ela não conhecesse.

- Agora eu vou ter que arrumar um jeito de recuperar o dinheiro que eu perdi. - Pensou uma Catherina, irritado consigo, em voz alta.

A garota parou perto de um coqueiro e comeu uma bala. O gosto das balas de Lutie ainda era o mesmo de dois anos atrás. Sentiu o peito apertar por causa das más lembranças e pôs outra bala na boca. Ela teria de furtar outra coisa para repor o dinheiro perdido. Notou uma pequena multidão na hospedaria da parte nordeste de Morroc. Aproximou-se cautelosamente e perguntou a um sacerdote o que estava acontecendo.

- Você não sabe? Um dos aventureiros mais famosos de Midgard se hospedou aqui! Ele disse que pretende caçar o Osíris, o Faraó e o Amon Rá amanhã! Você consegue imaginar? Três monstros veneravelmente poderosos em um dia!

Catherina teve uma ideia. Um aventureiro tão famoso deveria ser muito rico. Alguns zenys a menos na conta do tal aventureiro não faria mal nenhum.

- Ah, nossa, eu não sabia. Bom, espero que ele tenha uma boa sorte na caçada! – A garota abriu seu mais inocente sorriso.

O sacerdote riu, animado. - Tomara que ele me escolha para ir com ele. Saiba que eu sou um dos melhores suportes da região. Eu já cacei até mesmo com um templário da guarda real do rei! Eu também já ajudei o lendário Hodin Roob, o caçador, a matar o Eddga! E saiba que eu também...

A garota bocejou e foi embora, deixando o sacerdote se gabando para o nada. Nunca havia invadido uma casa antes, então teria que ter cuidado. Ser pega em um local fechado poderia ser ruim.

- Talvez eu deva espiar como é o quarto do tal aventureiro. - Pensou Catherina.

A garota começou a rondar o hotel e, quando estava na parte de trás, notou que uma palmeira se inclinava para a janela de um dos quartos. Catherina tratou de escalar árvore e pulou para dentro da hospedaria. O quarto estava vazio.

- Bom, acho que dei sorte. Agora é só rondar os outros quartos e...

O som de passos fez a garota se calar e se jogar rapidamente embaixo de uma das camas. Uma camareira entrou no quarto, reclamando da vida.

- Aquele imbecil, quem ele pensa que é para passar a mão em mim? Eu estou pouco me lixando se ele é o aventureiro mais famoso de Midgard ou se é o poderoso Thor depois da gripe. Em bumbum que mamãe passou talco ninguém passa a mão! E imaginar que ele queria me levar com ele para uma caçada noturna ao freooni! Eu não chego perto daquele bicho nem morta! Até porque é isso que eu vou acabar sendo se eu for lá!

Catherina fez força para não rir. Tratou de analisar como era a roupa da camareira. Um longo vestido escuro com um avental branco. Esperou a camareira sair do quarto para sair debaixo da cama. Tratou de se aventurar pela estalagem sorrateiramente, procurando onde ficavam as roupas das empregadas. Não demorou muito para achar um grande armário onde ficavam guardadas as vestes dentro de uma sala no fim do corredor. Tirou suas roupas e as escondeu atrás do armário. Após uma breve busca, achou uma roupa com um tamanho próximo ao seu. Não era o tamanho exato, mas servia.

- Ai está você! - Gritou uma voz grave e grossa voz feminina, fazendo com que Catherina desse um pulo. - O nosso hóspede de honra está exigindo serviço de quarto. Vai, vai, vai. Você quer que nosso hotel fique mal falado? E mal falado por um dos mais importantes aventureiros de Midgard? Anda!

Catherina se virou e viu que a dona da voz era uma mulher. Ou ao menos parecia uma. Era bastante alta, gorda e com uma verruga gigante no queixo. Parecia ser bastante agressiva. Os cabelos, arrumados num coque, eram pretos, ondulados e oleosos e seus olhos eram pequenos e pretos.

- Tudo bem, senhora, estou indo para lá.

- Senhora? – A mulher soava como se estivesse se sentindo ofendida. - Eu já não disse um milhão de vezes que eu não sou uma senhora? Eu ainda estou na flor da idade, garota. Me chame de senhorita, e trate de falar o meu nome junto. Eu já disse que exijo respeito no meu estabelecimento. Se minhas funcionárias não me respeitarem, então quem irá?

- Tudo bem senhorita... er... - Catherina engoliu em seco. Nunca havia encontrado a dona dessa hospedaria. Não sabia o nome dela.

- Senhorita Fatcake, temos um problema! - Uma empregada chegou correndo, para o alívio de Catherina. - Um hóspede está se recusando a pagar as contas!

- Ah, então ele não quer pagar? - A mulher estralou os dedos, fazendo um barulho assustador. - Tudo bem, eu sei como convencê-lo. Ah, se sei!

As duas foram embora, deixando Catherina só na sala, paralisada de medo. "Por Odin, essa mulher deve ser capaz de assustar até o Bafomé", pensou Catherina. A garota, agora trajada como uma empregada, tratou de checar todos os quartos. Todos eram iguais, tendo como diferença que alguns possuíam duas camas e outros apenas uma cama de casal. Abriu a última porta do corredor onde ficavam os quartos de luxo, que eram maiores que os normais e possuíam uma vista para o oásis, e viu um cavaleiro polindo sua armadura. Ele era alto, com cacheados cabelos loiros e um queixo proeminente.

- Com licença, serviço de quarto. - Disse Catherina, curvando o corpo, imitando o movimento que as kafras faziam. - A senhorita Fatcake me disse que a outra empregada foi rude com o senhor e me mandou vir aqui me desculpar em nome do hotel.

- Ora, mas o que temos aqui? - Disse o cavaleiro. Tinha uma voz grave, que provavelmente muitas garotas considerariam sedutora. - Não foi nada. Mas, diga-me, você não é meio nova para trabalhar? Você não deve ter mais do que dez anos.

- Meus pais são pobres, então eu tive que começar a trabalhar muito cedo, senhor. Mas não se preocupe com isso.

O homem coçou o queixo. - Trágico, muito trágico. Bom já que você está aqui, traga-me três sanduiches de peco peco, uma jarra de vinho de mastela e uma fatia de bolo de Lutie. Rápido, não tenho todo o tempo do mundo. Até porque eu preciso estar bem abastecido para hoje a noite. Aquele freooni vai sentir o gosto da minha lança. – Disse o cavaleiro, piscando um de seus olhos, verdes como uma esmeralda, para a garota.

- Sim senhor, seu pedido chegará em breve.

A garota inclinou o corpo novamente e saiu do quarto. "Que retardado", pensou. Desceu as escadas e, seguindo o cheiro de comida, seguiu para a cozinha.  Era ampla, com várias panelas no fogo. Era também bastante quente, fazendo com que a garota suasse só de estar lá. A cozinheira sorriu para Catherina.

- Opa, garota nova?

- Sim. Estou aqui só hoje. A senhorita Fatcake é conhecida da minha mãe e me pediu para ajudar. O movimento hoje está pesado, não é? Ah, o hóspede da suíte de luxo fez um pedido. Três sanduiches de peco peco, uma jarra de vinho de mastela e uma fatia de bolo de Lutie. Ele pediu para servir rápido.

- Isso tudo? Ele é um homem ou poring? Não cabe tanta comida assim na barriga de uma pessoa! - Comentou a cozinheira, impressionada com a quantidade de comida ordenada.

- Provavelmente ele é um poring. Ou ao menos tem a cabeça de um. - Disse Catherina, fazendo a cozinheira rir.

A garota deu meia volta, subiu até a sala onde as empregadas vestiam os uniformes e tratou de trocar de roupa novamente.

- Agora, só esperar anoitecer e ele sair do quarto. - Comentou Catherina para o vento.

***
A noite em Morroc era o exato oposto do dia. A cidade movimentada se aquietava, e o calor insuportável era substituído por um frio de gelar a alma. Catherina já havia se acostumado com isso, mas sempre se lembrava das primeiras noites morando pelas ruas de Morroc. Um conselho que Yan havia lhe dado e que ela sempre seguia era de sempre ter consigo um manto  para se cobrir e tratar de escolher um bom lugar para pernoitar. Um lugar que a protegesse do frio da noite e que a protegesse do Sol quando amanhecesse, e que fosse escondido para que ninguém a notasse lá. Catherina estava em cima do telhado de uma casa em frente à hospedaria, esperando que o cavaleiro e seus companheiros fossem embora caçar a besta do deserto, o freooni.

- Vamos, caros companheiros! - Gritou o cavaleiro. - Vamos dar uma lição para aquele monstro que tanto atemoriza esta cidade!

O grupo gritou animado. Catherina examinou cautelosamente todos que estavam nele. O cavaleiro babaca, o sacerdote que ela havia encontrado antes, um templário, um caçador e algumas garotas. Catherina não conseguiu contar quantas eram exatamente, mas chutou que eram quatro. Viu o grupo se distanciar e tratou de entrar no hotel como havia feito da última vez, subindo pela palmeira que dava em uma janela. O quarto perto da planta continuava vazio, o que era bom. Abriu a porta com cuidado, se certificou que não havia ninguém no corredor e correu até a suíte do cavaleiro.

- Esse lugar está fedendo. - Comentou Catherina ao entrar no quarto, tapando o nariz. Havia restos de comida em todos os cantos.

A garota tratou de cobrir a boca e o nariz com parte de seu manto. Acendeu uma vela que estava em cima da mesa e começou a revirar as coisas do cavaleiro. Muitas sacolas cheias de zeny, elmos que ela nunca havia visto antes, poções de todas as cores e tudo mais que se poderia esperar de alguém considerado da elite. Mas um pequeno broche preso em uma capa chamou a atenção da garota. Catherina o pegou e segurou um grito. O broche preto e branco tinha duas letras cravadas em baixo relevo, um 'B' e um 'O'. Ela lembrava muito bem da última vez que havia visto aquele brasão. Havia sido há dois anos atrás. Era o emblema da Bra Oms.

Continua.


Última edição por Brian em Ter Mar 17, 2015 11:45 pm, editado 2 vez(es)
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Mensagem por Brian Sex Ago 03, 2012 9:00 pm

Capítulo Três
O espadachim, o noviço e a garota que fala com fantasmas.

---
Catherina corria. Todas as construções de Morroc passavam rapidamente por seus olhos, que já começavam a lacrimejar, irritados pelo forte vento carregado de areia. Tinha que correr, se quisesse manter-se viva. Não esperava que a caçada do cavaleiro fosse tão rápida, e acabou chamando atenção por ter deixado as luzes do quarto acesas e ter feito barulho quando pulou pela janela. Olhou de relance para trás e viu o cavaleiro e o resto do grupo atrás dela. "Irei me esconder na pirâmide", pensou Catherina, "os monstros de lá nunca foram um problema para mim, e o labirinto vai me ajudar a despistá-los". Apressou ainda mais seu passo, o que fez com que ela e seus perseguidores chegassem à pirâmide em poucos minutos. Adentrou a grande construção e embrenhou-se no labirinto. Desviava de familiares, um tipo de morcego que habitava quase todos os tipos de cavernas e construções abandonadas, e poporings, uma versão mais forte e venenosa dos fofos porings. Embora os poporings não fossem agressivos, não queria tropeçar em um deles.
Chegou em pouco tempo no segundo andar da pirâmide, que era habitado por monstros um pouco mais fortes, mas que Catherina conseguia enfrentar. Esperou alguns instantes, esperando algum sinal de que seus perseguidores estavam por perto, mas tudo que ouviu foram duas Isis, do outro lado da parede, conversando em sua língua antiga cheia de 'esses' prolongados. Arriou-se no chão da pirâmide e suspirou, aliviada. Havia se livrado deles. Seu corpo estava dolorido e a sua respiração pesada, o que a preocupou. Isso podia acabar atraindo a atenção dos monstros e seria difícil fugir naquele estado. Limpou o suor da testa e tratou de checar seus "lucros". Havia se irritado ao saber que o cavaleiro era da guilda que havia assassinado seus pais e acabou pegando todo o dinheiro e alguns itens do homem. Entre os vários objetos, uma adaga havia lhe chamado a atenção. Tinha uma lâmina afiada e uma inscrição, "Sigil Edhel". Catherina ficou alguns minutos tentando entender o que significava a inscrição, mas acabou desistindo e se limitando a apenas apreciar a beleza da adaga. Após vários minutos, decidiu que era seguro sair e foi embora, rumo ao seu esconderijo.

---

"Boa sorte. Nós vemos em breve". Foram as últimas palavras que Brian e Orfeu trocaram quando chegaram a Prontera. Muhae levou os aprendizes que desejavam se tornar noviços com ele enquanto Brian ficou com Bamph. A cara dos aprendizes, impressionados com o tamanho da cidade, fez Brian rir baixinho. Diferente de alguns deles, que haviam vindo de lugares distantes ou haviam sido deixados na abadia ainda pequenos, Brian morou em Prontera por quatro anos.

- Bom, daqui nós iremos para Izlude. Teremos de ir para o portão sul da cidade, então cuidado para não se perder na multidão.

Brian fez que sim com a cabeça e tratou de não sair do lado do sacerdote. Uma funcionária da Corporação Kafra havia oferecido os serviços de teleporte gratuitamente para o padre, mas ele havia recusado. Seguiram até o portão sul, passando por mercadores vendendo todos os tipos de bugigangas e aprendizes implorando por dinheiro ou equipamentos. Ao chegarem no portão sul, outra funcionária da Kafra reconheceu o padre e perguntou se ele precisava de algo.

- Não, não. - Bamph riu e balançou a cabeça para os lados. - Estou apenas levando esse aprendiz para Izlude.

- Ah! Se é só isso, eu posso teleportar os dois! Por conta da casa!

Bamph riu novamente. - Muito obrigado, mas terei de recusar. Vai ser bom para ele aprender o caminho que leva para Izlude.

A Kafra suspirou, desapontada. - Bom, se é assim... nós da Corporação Kafra te desejamos um bom dia.

Bamph acenou para a funcionária e atravessou o portão, seguido por Brian. Não foi muito demorado chegar em Izlude. A cidade satélite de Prontera não era muito longe, e também não era muito grande. Era um conjunto de ilhas, que se conectavam aos arredores de Prontera por uma ponte. Brian cheirou o ar. Tal como a abadia, cheirava ao mar, embora o cheiro fosse mais forte em Izlude, já que a cidade ficava no meio do mar. Chegaram à Guilda dos Espadachins em instantes. Adentraram o local e foram recepcionados por um homem bastante alto e musculoso, com cabelos loiros e uma espessa barba dourada. A melhor palavra para descrevê-lo seria "intimidador".

- Bom dia, padre. Posso lhe ser útil em algo? - Disse o homem, com sua voz rouca e grossa que assustaria até mesmo o mais bravo dos orcs.

- Trouxe esse aprendiz para se tornar um espadachim. - Bamph pôs sua mão no ombro de Brian.

- Bom. Então vamos logo com isso. Garoto, qual seu nome?

- Brian... Brian Garamond.

- Garamond, eh? Então, Brian, basta assinar aque e você vai poder começar o treino com espada junto aos outros aprendizes amanhã.

Brian hesitou por uns segundos antes de falar. - Senhor... eu tenho plena confiança nas minhas habilidades com a espada.

O espadachim ergueu uma sobrancelha, cético. - Ah, é? Vamos ver isso então. - Ele assobiou e, alguns segundos depois, um homem com longos cabelos pretos e trajando uma armadura leve entrou na sala. O homem encarou o chefe dos espadachins e bateu com a mão direita no lado esquerdo do peito.

- Me chamou? - Perguntou o homem.

- Chamei sim. Quero que você teste esse aprendiz que se diz tão confiante em sua técnica com espada.

Brian notou um brilho nos olhos pretos do homem e um grande sorriso de satisfação. Seu rosto era magro, com a barba mal feita e um dente quebrado, fazendo com que ele parecesse um mendigo enquanto sorria. Um mendigo psicopata. Ele foi até uma sala e voltou de lá com duas espadas.

- Espada de uma mão ou de duas? - Perguntou para Brian.

O garoto escolheu a espada de uma mão. Era uma espada simples, sem nenhum detalhe que a ressaltasse. O homem brincava com a espada de duas mãos, passando-a de uma mão para outra. Apontou com o queixo para a porta por onde Brian havia entrado na guilda. "Vamos lutar lá fora", disse. Brian engoliu em seco, começando a achar que, no final das contas, isso havia sido uma péssima ideia, mas saiu pela porta mesmo assim. Os dois se posicionaram em cantos opostos da pequena ilha onde ficava o prédio da guilda. Brian ficou de costas para o mar, e o espadachim ficou de costas para a ponte. Os dois se encaravam, esperando para ver quem faria o primeiro movimento. "Eu devia ter escolhido a espada de duas mãos. Ia ser mais fácil para bloquear os ataques dele...", pensou Brian. O homem aproveitou o momento de distração do jovem e avançou. Brian jogou-se para a esquerda, parando perto de uma das paredes da guilda. O homem avançou novamente, com a espada apontada para o tronco do garoto. Sem pensar muito no que fazer, Brian bateu com sua espada na lateral da espada do homem, desviando o ataque, que acertou a construção. Jogou-se no chão quando notou que o homem estava puxando a espada para a direita, tentando acertá-lo. Pensou em girar o corpo para se levantar rapidamente, mas o espadachim pôs a espada de duas mãos na sua frente. Brian então jogou seu corpo para trás, rolando e se levantou num pulo. O homem avançou novamente contra Brian, que parou o golpe com sua espada.

- Essa espada não vai durar muito se você insistir em bloquear meu ataque. - Disse o homem, com um sorriso de deboche.

Brian pensou no que fazer. A sua espada começava a trincar por causa das duas forças opostas. Usando o máximo de sua força, empurrou a espada do homem, jogando-a longe. Brian sorriu, satisfeito com o que havia conseguido fazer.

- Nada mal. - Disse o homem. – Mas, se isso fosse um combate real, a partir desse momento você estaria em apuros. - Brian ficou alguns instantes sem entender, até notar que sua espada estava se despedaçando, com uma parte da ponta da lâmina no chão. O homem riu. - Espadas de qualidade duvidosa. Você está aprovado como espadachim. Não acho que você irá precisar fazer o teste de equilíbrio. Você o demonstrou bem não sendo morto. Agora vá para dentro receber seu uniforme de espadachim.

---

Os mercadores de Morroc anunciavam seus produtos aos berros como sempre. Nada parecia ter acontecido na cidade de noite, e isso aliviava e preocupava Catherina. Os boatos que corriam pela cidade, de que alguém entrou na hotelaria e roubou um dos hóspedes e de que alguém havia feito, anonimamente, uma generosa doação para um orfanato da cidade, não levantou em ninguém a suspeita de que eles estavam relacionados. Aparentemente o hóspede assaltado não quis se identificar, nem revelou o que havia sido roubado. "E é isso que eu acho estranho...", pensou Catherina, "porque ele sairia da cidade sem prestar uma queixa sobre o ocorrido?". Aquilo deixava Catherina desconfortável. O cavaleiro havia deixado Morroc cedo, junto com o resto do grupo que o acompanhava.

- Eu devo estar me preocupando a toa. - Pensou Catherina, pondo alguns zenies na mão de um mercador e pegando uma sacola com frutas frescas.

A garota foi até as proximidades da pirâmide e se sentou no lago que lá ficava. Pegou uma maçã de dentro do saco e deu uma mordida nela. Ficou no lago, comendo lentamente as frutas que comprou, até anoitecer. Espreguiçou-se e foi até a guilda dos gatunos. Nunca haviam lhe rejeitado um quarto. Cumprimentou seus colegas de classe, seguiu até uma sala onde os gatunos que não tinham casa costumavam pernoitar e adormeceu.

---

Orfeu abriu um grande sorriso ao ver seu amigo vestido com os trajes típicos dos espadachins. Brian retribuiu o sorriso.

- Você conseguiu! Você passou no teste! - Exclamou Orfeu, chamando a atenção de alguns transeuntes.

Brian riu. - Pelo visto você também. E a roupa de noviço não combina com você.

Foi a vez de Orfeu rir. - Ora, você também não ficou nenhum deus com essa roupa, sabia?

- Eu acho que a roupa combinou com ele.

A voz feminina atrás de Orfeu atraiu a curiosidade de Brian, que inclinou seu corpo para ver quem era a dona da voz. Uma jovem, aparentemente não muito mais velha que ele e Orfeu, sorriu. Tinha longos cabelos em um tom que parecia prata. Os olhos pretos eram puxados e tinha as maçãs do rosto bastante vermelhas. Usava os trajes típicos daqueles que cursavam o Campo de Treinamento. Orfeu tratou de apresentar a garota.

- Brian, esta é Taemi Misumi. O irmão Muhae disse que ela deveria fazer parte do nosso "grupo", ou algo assim.

Brian coçou o queixo. - Grupo? O que você quer dizer com isso?

- Se vocês vierem comigo - Disse o padre Bamph, se aproximando dos três. - eu posso explicar tudo.

Os três jovens assentiram com a cabeça e foram até a grande catedral de Prontera.

---

"Então Brian, o que eu tenho aqui é algo passado de geração em geração na sua família". Com essas palavras, Bamph entregou a Brian um sabre. A guarda-mão da espada lembrava uma asa prateada. O cabo era revestido com tiras de pano vermelho e a bainha era feita de carvalho com detalhes em prata. Brian pôs a mão no cabo e estava prestes a desembainhar a espada quando Bamph o advertiu.

- Apenas saque essa espada em momentos de extremo desespero. Essa não é uma espada qualquer.

Brian e Orfeu se entreolharam. Não entenderam o que aquilo significava, mas entenderam que a espada nunca deveria sair da bainha. A garota de cabelos brancos se apoiou nos ombros dos dois garotos.

- Bamph, você não vai me apresentar? Até agora tudo que o noviço fez foi citar meu nome.

- Me desculpe, acabei me esquecendo. Brian, Orfeu, essa é Taemi. Ela é de uma familia tradicional de Amatsu, os Misumi, e veio para Prontera para conhecer mais sobre Midgard. O pai dela me disse que ela tem o dom da espiritualidade... embora eu não acredite muito nessas coisas.

- Eu vejo gente morta. - Disse a garota, sorrindo.

Brian e Orfeu engoliram em seco.

- Bom, ao menos eu devia poder ver. - Disse Taemi, dando de ombros. - Tudo que consigo ver são borrões e vozes distantes.

Bamph pigarreou. - Taemi, esses são Brian, filho mais novo dos Garamonds, uma família tradicional de Prontera, e Orfeu, único herdeiro dos Vaizards, uma família fortemente ligada à igreja. São dois bons rapazes.

- Por que ela está conosco? - Perguntou Brian.

- Achei que vocês dois poderiam ensinar para ela nossa língua na Abadia. Ela ainda não é fluente no idioma. E, claro, mostrar Midgard para ela quando tiverem idade para se aventurar pelo mundo. Vocês sabem que, de todos naquela Abadia, vocês são os que eu mais confio.

Orfeu deu de ombros, embora parecesse satisfeito com o elogio do padre. - Tudo bem por mim.

Brian pensou por alguns instantes. - Acho que está tudo bem por mim também.

- Ótimo! - Disse Bamph, juntando as mãos. - Mas agora vocês devem voltar para a abadia antes que anoiteça. O irmão Muhae já esperou tempo demais. Acho que ele não vai conseguir controlar o grupo de noviços por mais muito tempo.

---

Catherina havia ido embora da guilda dos gatunos antes mesmo do dia nascer. Precisava se lavar, e não queria que ninguém a espionasse. Seguiu até um pequeno lago que havia perto de Morroc. Todas as criaturas que habitavam aquela parte de Morroc, andrés, deniros, pierres, golens, hodes e magnólias, eram pacíficos, portanto ela não tinha com o que se preocupar. O lago ficava perto de arcos de pedra que, em algum período do passado, quando os heróis lendários ainda caminhavam sobre Midgard, haviam de ter sido parte de uma grande cidade. Havia também estátuas de faraós cujo nome sequer era mais lembrado, e resto de animais que não sobreviveram ao calor do deserto até chegar o lago. Cerificou-se de que não havia nenhuma das formigas gigantes por perto para roubar seus pertences e se despiu. Dobrou suas roupas e as deixou na beira do lago, mantendo consigo apenas a adaga. Pôs seu pé na água para checar a temperatura. O Sol ainda nascia, portanto ainda não havia aquecido a água, que estava extremamente fria. Catherina sentiu todos os pelos do seu corpo se arrepiarem, mas tomou coragem e jogou-se na água.

- Pelas barbas de Njörd. - Pensou Catherina. - Parece que Skadi se banhou nessas águas de tão frias que estão.

Mergulhou para molhar os longos cabelos castanhos e voltou a superfície tremendo de frio. Esfregou a água contra todo seu corpo e, em seguida, saiu. Espremeu os cabelos para retirar o excesso de água e tirou uma pequena toalha de dentro de uma sacola. Enxugou primeiro o rosto, em seguida descendo para o resto do corpo. Ao se secar completamente, pôs a toalha de volta na sacola e começou a se vestir. Lavou seus pés mais uma vez antes de por de volta os sapatos, já que eles estavam com areia, e voltou para Morroc. Os mercadores já estavam começando a montar suas lojinhas e os bares abriam suas portas. O cheiro de carne de peco peco assada e de peixes no vapor fez com que a barriga de Catherina roncasse. Embora tivesse dinheiro o bastante para tomar seu café da manhã e um bar ou restaurante, resolveu fazer o que sempre fazia e começou a rondar as lojinhas dos mercadores. Após alguns minutos rondando o centro da cidade, conseguiu comprar dois pães e um pouco de carne de peco peco assada e temperada. Seguiu até perto da pirâmide, novamente perto do lago, e preparou um sanduiche. Como tinha um pouco de mel guardado na sacola, havia posto um pouco na carne. O resultado havia sido melhor que o esperado. Após terminar seu café da manhã improvisado se espreguiçou. Sua mente foi puxada para um pensamento, "onde andariam Yan e Sean?". Mergulhou-se em pensamentos, imaginando os dois lutando contra hordas de monstros, se aventurando em lugares magníficos, descobrindo tesouros a eras esquecidos. Mal ela sabia que a realidade não era tão diferente. Mas a realidade sempre é mais dura do que imaginamos.

***

- É aqui?

- Sim.

- Então, finalmente achamos...

- Realmente.

- Isso vai por nossas vidas em risco.

- Eu sei.

- Você realmente acha que isso vai valer a pena?

- Talvez sim. Ou talvez isso nos mate, ou mate a todos em Midgard. Depende apenas de nós.

Continua...


Última edição por Brian em Ter Abr 15, 2014 12:05 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Brian Sex Ago 03, 2012 9:01 pm

Capítulo Quatro
Rumo à pirâmide

---
Brian, Orfeu e Taemi caçavam algun yoyos nos campos fora da abadia. Quando caçavam juntos, não tinham muito a temer, visto que nem mesmo o choco, um yoyo levemente maior e de pelagem mais escura que costuma andar acompanhado de outros yoyos, não era páreo para o pequeno grupo. Voltaram para a abadia com algumas frutas, algumas ervas e alguns yoyos abatidos. A sopa feita com os pequenos macacos não era a mais saborosa do mundo, mas sentiam falta de comer carne.

- Sua espada está danificada, Brian. - Notou Taemi.

Ela estava certa. Ele havia ganho uma espada ao virar espadachim, mas era tão fraca quanto aquela que ele havia usado no duelo contra um dos espadachins da guilda.

- Acho que terei de ir para Prontera. Preciso de uma espada de qualidade.

- Eu vou com você. - Disse Orfeu. - Tem um ano desde que fomos para lá. Eu quero visitar meus pais.

- Eu vou também. - Disse Taemi, pulando. - Quero rever o padre Bamph e contar para ele tudo que eu aprendi!

Taemi realmente havia aprendido muito no decorrer do ano. Era fluente no idioma midgardiano agora. Não só isso, mas os ditos poderes espirituais que corriam pela família dela estava começando a despertar. Não era incomum ver a garota perto do cemitério da abadia conversando com os espíritos de monges já falecidos.

- Muito bem, então. - Disse Brian. - Vamos falar com o irmão Muhae. Se ele nós der sua permissão, vamos para Prontera amanhã de manhã.

O grupo deixou os yoyos na cozinha da abadia e seguiram para a grande capela para falar com o velho monge. Entraram na sala dele após baterem na porta e receberem a permissão para entrar.

- Sentem-se, garotos. Querem alguns biscoitos? Bamph trouxe uns de Prontera para mim semana passada, mas são biscoitos doces.

Taemi aceitou e pegou mais de cinco biscoitos de uma só vez, o que fez Muhae rir. Após a garota engolir todos os biscoitos que havia posto na boca, Brian se ajeitou na cadeira.

- Monge superior...

- Pode me charam apenas de Muhae, filho.

- Muhae. - Brian estranhou chamar o monge apenas pelo nome. - Eu, Orfeu e Taemi gostariamos da sua permissão para irmos para Prontera amanhã. Eu preciso de uma espada nova, Orfeu gostaria de visitar a família e Taemi gostaria de visitar o padre Bamph.

O velho monge passou a mão pela cabeça, onde outrora havia cabelo, pensativo. - Não vejo porque não. Tem a minha permissão, mas voltem o mais breve possível.

O trio agradeceu e, após prometerem que não demorariam, se retiraram. Sosinho na sala, o monge fitou uma carta que estava na mesa. "Há de ser eles", pensou, "não temos outra escolha". Suspirou e olhou para o teto. Aquilo não o agradava.

---

- Morroc? - Perguntou Brian, lendo a carta que Muhae havia lhe entregue. - Por que nós temos de ir para Morroc?

- Achei que estivesse bem explicado na carta.

- Está bem explicado. Mas por que nós? - Perguntou Brian, apontando para Orfeu e Taemi.

- Vocês são os mais qualificados. Não temos mais quem mandar.

Brian passou os olhos pela carta novamente. Uma sacerdotisa havia desaparecido na pirâmide após uma expedição de um grupo de membros da igreja pelo local, e agora eles queriam que um grupo pequeno explorasse a pirâmide em busca da irmã desaparecida. Como a Igreja de Prontera estava tendo problemas com o comportamento de algumas noviças, eles não iam poder mandar ninguém, restando como alternativa pedir ajuda para a Abadia de Santa Capitolina.

- Vocês partem mês que vem. - Disse Muhae. - Taemi, você não precisa ir que não quiser. Você está aqui apenas para aprender, você não precisa se envolver em assuntos do reino.

- Eu não vou deixar meus amigos arriscarem as vidas deles e ficar de braços cruzados. Eu vou com eles.

- Muito bem... - O velho monge assinou algumas palavras num pedaço de papel e o entregou para os garotos. - Apenas assinem o nome de vocês ai. Eu realmente não queria ter que mandar dois garotos de doze anos e uma garota de quatorze numa missão como essa, mas não temos escolha. Os monges da abadia são muito atarefados, e os que não estão ocupados estão muito velhos.

Brian, Orfeu e Taemi assinaram o papel e o devolveram para Muhae, que o colocou num envelope.

- Enviarei a carta para o rei amanhã de manhã. Que Odin esteja com vocês, meus filhos. - Ele hesitou por um momento. - E... tem mais uma coisa. Vocês devem fazer o possível para que a sacerdotisa volte para Prontera em segurança. Ela é importante, pois ela pode nós contar mais detalhes sobre a expedição.

- Monge superior... - Orfeu parecia incomodado com algo. - Qual era a razão da expedição pela pirâmide? Algo me diz que não era um simples passeio por um monumento histórico.

---
Cahterina rondava Morroc como sempre. Os mercadores que vendiam suas tralhas aos berros, os aventureiros que tentavam arranjar mais companheiros para caçar, as gentis kafras que atendiam a todos com seus sorrisos. Tudo estava lá. Mas Catherina sentia que havia algo diferente. Desde que ela havia furtado o aventureiro ela havia sentindo isso. Ela tinha conseguido vender vários dos itens obtidos, menos o broche com o emblema da Bra Oms e a adaga. Havia perguntado a noviços e magos o significado da inscrição "Sigil Edhel", mas todos davam de ombros e respondiam que não sabiam. Havia decidido manter a adaga consigo até descobrir o significado do nome. Pensou em se desfazer do emblema, mas decidiu guardá-lo.

- Sigil Edhel... - Comentou Catherina, olhando a adaga. - O que diabos significa isso?

Deu de ombros e guardou a adaga numa bainha. O sol do meio do dia em Morroc era infernal, o que levou Catherina a comprar alguns sucos de cenoura de um mercador. Seguiu até o noroeste da cidade e decidiu tomar os  sucos a beira do lago que ficava perto das pirâmides, aproveitando que os coqueiros curvados proporcionariam sombra. Após terminar o último suco, notou um estranho movimento na antiga construção, que estava com um grupo de pessoas perto de sua entrada. A kafra tentava responder os vários aventureiros que a abarrotavam de perguntas. Catherina se aproximou para tentar ouvir o que eles tanto falavam.

- Mas eu tenho que virar um gatuno ainda hoje! - Berrou um aprendiz perto de Catherina. - Eu apostei com meus amigos que iria conseguir!

- A pirâmide está interditada por ordens do rei. - Respondeu a Kafra. - Sinto muito, mas vocês não podem passar.

- Eu estou pouco me lixando para o que o rei pensa. - Disse um mercenário. - Eu vim de longe para coletar escamas das ísis, e eu só saio daqui com elas!

- Sinto muito, mas vocês não podem passar. - A kafra estava irritada. - Por favor, voltem depois.

- Mas por que não podemos passar? - Perguntou um pequeno mercador, com pouco mais de um metro e vinte.

- Vocês querem saber porque não podem passar? - Uma voz rouca chamou a atenção de todos. - Muito bem, eu irei lhes dizer.

Todos se viraram para ver quem era o dono da voz. Vestido numa armadura de templário e empunhado uma longa lança, um homem de cabelos e barbas brancas e de olhar forte, o capitão da guarda real de Prontera, avançava em direção à multidão junto a alguns cavaleiros. Devia ter mais de sessenta anos, mas era mais imponente que todos os cavaleiros do reino juntos.

- Como vocês muito bem sabem - A voz do capitão, mesmo rouca, soava imponente. - duas criaturas habitam a pirâmide, e ocasionalmente brigam entre si. Amon Rá e Osiris, dois antigos faraós da antiga cidade que hoje é Morroc. Inúmeros aventureiros alertaram a guarda real sobre uma estranha movimentação dos dois monstros. O rei então ordenou que a pirâmide fosse bloqueada para que nenhum aventureiro se encontrasse no meio da guerra dos dois antigos faraós enquanto explorava a pirâmide.

- Senhor. - Protestou um cavaleiro. - Somos numerosos. Poderiamos tentar por os dois em seus devidos lugares. Tenho certeza que conseguiriamos.

O capitão encarou o cavaleiro com seus olhos cinzentos. - Poderiam tentar. E poderiam morrer tentando. A briga entre os dois pode levar dias, meses ou até anos. Embora isso seja problemático, temo que não temos outra escolha se não esperar. Eu vim com alguns soldados até aqui por ordens do rei, para evitar que algum dos dois tente sair da pirâmide. Caso isso venha a acontecer, agradecerei toda e qualquer ajuda. Mas, fora isso, fiquem longe da pirâmide até o conflito acabar.

Após isso, a multidão se dispessou. Catherina ainda ficou mais alguns instantes, analizando cada um dos cavaleiros, mas quando o capitão a encarou, ela fugiu. Se a força bruta não fosse o bastante para forçar os dois monstros a pararem de brigar, provavelmente o olhar do capitão daria conta disso. A garota seguiu até o canto da cidade onde ficava seu acampamento. Seria isso o que ela havia sentido mais cedo? Uma iminente batalha entre reis?

- Não... não é isso. - Pensou Catherina. - Mas o que será?

---
Brian atacou Orfeu com uma espada de madeira, mas o jovem de cabelos brancos bloqueou o ataque com seu bastão, empurrou a espada do amigo e, girando o bastão, acertou-o nas costas. A dor fez Brian largar a espada e cair no chão.

- Desculpe. - Disse Orfeu, conjurando uma magia de cura para aliviar as dores do amigo. - É que eu estou nervoso.

- Tudo bem. Acho que todos estamos. - Brian se levantou e pôs a mão no local onde Orfeu o atingiu. - Acho que treinar para nos acalmarmos não foi uma ideia muito boa.

- Nós nunca fomos para Morroc, e agora vamos ter que ir para lá, fugir de monstros que podem nos matar com um espirro e procurar por um sacerdotisa que provavelmente já deve estar morta. Isso me parece uma missão suicída.

Taemi fez sinal de que concordava com a cabeça. - Amon Rá e Osíris são dois antigos regentes do império que hoje em dia é a cidade de Morroc. Não só isso, mas eles também são considerados monstros veneravelmente poderosos.

- A irmã se perdeu no andar da pirâmide onde o Osíris costuma aparecer. Vamos ter que ter cuidado com as ísis e evitar as múmias anciãs e os mímicos.

- E acima de tudo, temos que evitar o Osíris, Brian. - Orfeu havia sentado ao lado de Taemi. - Um irmão me disse que ele anda acompanhado por várias ísis, então se virmos várias ísis juntas, vamos fugir.

Brian concordou. - Evitar o Osíris e procurar a sacerdotisa. Essas são nossas prioridades.

Taemi se levantou e olhou para os dois garotos. - Nossa prioridade no momento é estudar os mapas da pirâmide. Vamos, acho que o velho Tohobu tem alguns mapas da época que ele ainda era um jovem. aventureiro

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- Mil desculpas!

Catherina catava suas laranjas com a ajuda de um arruaceiro que havia se esbarrado nela. "É o que dá andar por ai tão distraída. Eu que devia estar pedindo desculpas", pensou Catherina. O homem entregou as laranjas para Catherina e sorriu.

- Novamente, mil desculpas. Acho que alguma das laranjas amassaram.

- Não tem problema. - Disse Catherina. - Foi minha culpa, eu estava distraida.

- Não diga isso. Olha, eu faço questão de compensar as laranjas que foram danificadas.

Catherina tentou recusar, mas o homem insistiu tanto que ela acabou aceitando. Foram até o centro de Morroc onde um mercador as vendeu com um sorriso no rosto. A garota não deixou de notar que o mercador superfaturou as frutas.

- Obrigada. - Disse Catherina, aceitando o pacote. - Mas você não precisava.

- Eu fiz questão. Então, isso é um adeus?

- Talvez seja um até logo. - Catherina sorriu.

- Tomara. Isso me lembra, eu não sei o seu nome.

- Catherina. Catherina Nightwind.

- Prazer, Catherina. Eu sou Paul Weitz.

Paul seguiu seu caminho, deixando Catherina só no centro de Morroc. Alto, com cabelos loiros razoavelmente longos e com profundos olhos azuis-esverdeados. Ele realmente era bastante bonito. Catherina seguiu o caminho de volta para aquilo que ela chamava de lar com mais laranjas do que ela pretendia. Era uma tenda simples, mas ficava num bairro de Morroc bastante seguro. Catherina não se preocupava muito com ladrões, sendo que ela mesma era uma ladra. Um ladrão jamais rouba de outro ladrão, a menos que queria acordar pelado no meio do centro da cidade.

- Eu me pergunto se o Yan conhece o Paul. Eles provavelmente se dariam bem. - Disse para o vento, descascando uma laranja. - O Sean é inteligente. Ele deve saber o que significa Sigil Edhel. Quando eu os encontrar, eu perguntarei!

---
O mês havia passado como um raio. O trio seguiu a pé da abadia até Prontera, onde pegaram um teleporte para Morroc. A sensação de ser puxado pelo umbigo incomodou Brian e deixou Taemi nauseada. Seguiram para as pirâmides após fazerem reservas de quartos em um hotel. Um para Brian e Orfeu e um para Taemi. Orfeu checava seu mapa da cidade a cada cinco minutos para checar se estavam no caminho certo. Felizmente, Morroc não era exatamente complicada de se locomover, e em instantes chegaram no  local onde se encontravam as gigantes pirâmides. O trio ficou impressionado com o tamanho das construções.

- Isso tudo para um túmulo? Esses morroquinos não tinham nada melhor para fazer não? - Perguntou Taemi, incrédula.

O trio voltou a avançar. Notaram algumas crianças brincando num pequeno oasis que ficava entre a cidade e as pirâmides, mas não deram muita atenção a elas. O que realmente lhes chamou a atenção foi o burburinho no que parecia um acampamento em frente as pirâmides. Ouviam gritos afirmando que era um milagre, ou que havia sido obra de Odin ou de Thor, ou mesmo de Loki, já que provavelmente aquilo havia sido uma peça pregada pelo deus. Cercada por um grupo de pessoas, uma sacerdotisa ria. Seu cabelo loiro estava sujo e suas roupas rasgadas, mas estava viva. A sacerdotisa que Brian, Orfeu e Taemi deviam procurar estava bem na frente deles.

- Então... Isso significa que gastamos três mil e seiscentos zenys por nada? - Taemi parecia descontente por ter gastado o dinheiro em vão, mesmo que fosse dinheiro dado por Muhae.

- Acho que sim. Não temos o que fazer aqui, já que a irmã está a salvo. - Orfeu parecia aliviado.

Brian notou que um homem com cabelos e barba brancas olhava para o trio. Ele seguiu em direção aos três a passos largos, com seu olhar firme. Brian pensou em ameaçar sacar sua espada, mas o homem também carregava uma, e provavelmente ele era melhor espadachim. Além disso, os olhos cinzentos acabaram por intimidar Brian.

- Vejo que são novos aqui no acampamento. Eu sou o capitão da guarda real e responsavel pela operação, John. É um prazer recebê-los. - John tentou soar amigável, mas gemido de dor de algum soldado fez com que o capitão fizesse uma careta. - ... Bom, ao menos é o que eu gostaria de falar. A situação está um pouco mais complicada do que havíamos previsto. Venham, deixe-me mostrar o acampamento.

Orfeu e Taemi olharam confusos para Brian, mas não tiveram outra escolha e seguiram o homem. O acampamento estava abarrotado de feridos e de aventureiros ansiosos. O templário explicava a situação para os jovens, dizendo que Amon Rá e Osíris haviam aumentado a frequência de suas investidas. Vez ou outra ele apontava para algum soldado ferido, contava que feito heróico ele havia realizado e comentava que era um milagre ele estar vivo. Por fim, John levou o trio até uma mesa, junto a outros aventureiros.

- Nesse momento Amon Rá e Osíris estão se enfrentando, mas em breve, dentro de alguns dias, creio, eles irão dar uma trégua. É praxe de seus combates, a hora que eles param para fazer uma contagem de quantos soldados ainda tem. Quando eles voltarem aos seus respectivos domínios, nós os atacaremos. Temos que aproveitar que suas forças estão em baixa.

O grupo pareceu animado com a ideia do templário, mas este ergueu sua mão, pedindo silêncio.

- Eu não gosto de ter que atacar nenhum dos dois diretamente. Nós estamos aqui apenas para evitar que eles saiam das pirâmides, porém no ritmo que esse combate está, temo que isso possa demorar muito tempo. Teremos que interferir.

O templário guiou o grupo até outra mesa, esta com vários mapas dos vários andares da pirâmide. O plano de ataque era simples. John avisou que dois grupos seriam formados, um para combater Osíris e outro para combater Amon Rá, e escolheu membros para cada um dos grupos rapidamente. Brian não deixou de notar que não haviam caçadores nem bruxos no grupo que ele e seus amigos estavam, o grupo para combater o Amon Rá.

- Isso é porque o Amon Rá irá invocar criaturas sempre que for atacado a distância. Por isso, sem arqueiros, sem magos.

Orfeu puxou Brian para perto de si e sussurrou em seu ouvido. - Brian! Isso é loucura. Nós temos que avisar para ele que não somos do exército e sairmos daqui.

Brian concordou, mas foi a vez de Taemi puxá-lo para perto. - Brian! - Disse ela, apontando para o papel com o nome dos integrantes do grupo. - O último nome. Veja.

---
Brian olhava para o teto da hospedaria. Estava deitado em sua cama, no quarto que divida com Orfeu, mas não estava conseguindo dormir. Orfeu também não, e olhava para a cidade pela janela do quarto.

- Acha que Tae está dormindo? - Perguntou Orfeu.

- Eu não sei.

Brian suspirou. O nome da sacerdotisa que eles vieram resgatar estava na lista, no mesmo grupo que eles. E Muhae havia sido claro quando disse que eles deviam mantê-la em segurança. Não acreditava que a amiga estava conseguindo dormir após ser forçada a ir numa missão suicída.

- Vai dar tudo certo. - Falou Orfeu, embora sua voz não soasse confiante. - O grupo tem muita gente forte. Nós apenas vamos ficar na retaguarda.

Brian soltou um "hm-hm" e voltou a fitar o teto. O grupo iria entrar nas pirâmides em uma semana, quando as forças dos dois monstros retornariam para seus habituais domínios. Até lá, estavam livres para fazer o que bem entendessem, contanto que não se matassem. Morroc era uma cidade agitada, então os soldados mais velhos tinham muito o que fazer. Mas Brian e Orfeu eram muito jovens, assim como Taemi.

- Amanhã nós vamos procurar uma espada para você. - Disse Orfeu, se jogando na cama.

Brian fez que sim com a cabeça. Esquecera-se completamente de procurar uma espada. No dia que eles haviam ido para Prontera, a maioria das espadas não haviam lhe agradado. Um sabre havia lhe chamado a atenção, provavelmente porque a espada que ele havia recebido de Bamph, mas proibido de usar, também era um sabre, mas o vendedor disse que estavam sem esse item no estoque.

- Vamos procurar um sabre. - Orfeu fechou os olhos e bocejou. - Algum mercador deve estar vendendo um.

---
Era noite, embora a Lua brilhasse gigantesca no céu, lançando uma pálida luz sobre a terra e criando fantasmagóricas sombras por causa das árvores. Os dois homens corriam apressados, como se o próprio Bafomé estivesse atrás deles. Um arruaceiro com cabelos vermelhos espetados carregava junto ao peito um pequeno embrulho. Ao seu lado, um cavaleiro com longos cabelos castanhos lhe dava cobertura, bloqueando flechas com seu escudo. O cavaleiro jogou sua lança contra um vulto, que foi atindido em cheio. Em seguida, quase como mágica, a lança voltou para a mão do cavaleiro após abater seu alvo. As flechas cessaram de vir, e eles avançaram mais rapidamente.

- Yan e Sean. Como vão, velhos amigos?

Os dois pararam. Um homem estava parado no meio do caminho, bloqueando a passagem. Yan fez menção de avançar contra o homem a frente deles, mas Sean o impediu.

- Ele é forte demais para nós.

O homem sorriu. - Por favor, eu não quero fazer mal a vocês. Eu apenas quero o que é meu por direito.

Yan cuspiu no rosto do homem. - Nós acreditavamos em você, e você nos traiu. Eramos como irmãos.

- Ora, Yan. Caro, caríssimo amigo. - O homem limpou o cuspe de seu rosto calmamente. - Podemos voltar a ser irmãos. Irmãos de verdade! Apenas me entregue ela.

Yan apertou o embrulho com mais força e olhou para Sean. O cavaleiro fez que sim com a cabeça.

- Meus caros, por favor...

Sean, rápido como um raio, arremessou sua lança, que perfurou o ombro do homem. Yan saiu correndo, seguido por Sean. O homem tentou agarrar a perna do arruaceiro quando este passou por ele, mas Yan fora mais rápido.

- Vocês irão se arrepender! - Grivata o homem. - Eu lhes ofereci a paz! Mas se é guerra que vocês querem, é isso que terão!

Os dois seguiram pela noite, se embrenhando na escuridão. Os gritos de dor e as ameaças do homem ferido era tudo que se podia ouvir.

Continua...


Última edição por Brian em Ter Abr 15, 2014 12:06 pm, editado 1 vez(es)
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[FanFic] Vento Noturno Empty Re: [FanFic] Vento Noturno

Mensagem por Brian Sex Ago 03, 2012 9:02 pm

Capítulo Cinco
O vento da noite

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Catherina acordou assustada. Tivera um estranho pesadelo, onde Yan e Sean corriam por uma floresta e vozes vindas das árvores os ameaçavam de morte. Catherina estendeu a mão para uma jarra de água e bebeu direto dela. Ainda tremia e suava frio por causa daquilo.

- Foi só um sonho. - Disse para si mesma, tentando se acalmar.

Olhou para fora de sua pequena cabana para ver que horas eram. A Lua ainda estava gigantesca no céu de Morroc. Catherina se sentiu aliviada por ela não estar vermelha. A Lua de Morroc costumava ficar vermelha uma vez por mês, e era sempre quando a Lua ficava em um tom vermelho-sangue que Catherina tinha seus piores pesadelos. Massageou a testa e suspirou. Não estava mais com sono e tinha que fazer algo para se distrair. Lavou o rosto com um pouco da água da jarra e despiu-se. O gélido vento noturno da cidade fez seus pelos se arrepiarem. Rapidamente pôs as vestes típicas dos gatunos de Morroc e saiu para a rua. O ar estava ainda mais gelado fora da cabana, e uma rajada de vento fez Catherina tremer.

- Pelo visto Skadi também resolveu dar um passeio noturno. - Comentou a garota, batendo os dentes.

Catherina se sacudiu, como se estivesse tentando afastar o frio, e escalou uma casa, rapidamente chegando ao telhado dela. A noite, Morroc era bastante parada, com exceção de alguns gatunos que se arriscavam a furtar lojas. Catherina foi até a beirada do telhado e, tomando impulso, pulo para o telhado de outra. Como a maior parte dos telhados da cidade eram planos, ela não tinha problemas para se locomover do telhado de uma casa para o de outra. Foi pulando de telhado em telhado até finalmente parar no telhado de uma grande casa. Com cuidado, desceu para o parapeito de uma das janelas. Catherina sorriu da sua sorte. A janela estava aberta. O vento noturno sacudiu seus longos cabelos cor-de-chocolate enquanto ela adentrava a casa.

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Brian, Taemi e Orfeu haviam acordado cedo. O café da manhã do hotel não era ruim. Ao menos era melhor que a sopa de yoyo com banana que eles comiam quase todos os dias no monastério. Haviam comido torradas crocantes com geleia de mastela, suco de cenoura com laranja, panquecas tradicionais de Lutie e um omelete de ovos de peco peco. Após o farto café da manhã, seguiram para o centro comercial da cidade. Morroc, como sempre, fervilhava de mercadores e aventureiros. Olharam várias bugigangas inúteis, incluindo uma sela para porings e um perfume com cheiro de peco peco, roupas das mais variadas cores e especiarias exóticas que provavelmente haviam sido furtadas da carga de algum navio de Alberta. Continuaram passeando pela cidade e olhando as lojas até que uma chamou a atenção de Brian.

- Fiquem aqui, eu volto já. - Disse para os amigos, se dirigindo a loja.

O homem que cuidava da loja parecia ter um pouco mais do que setenta anos. Era magro, embora tivesse braços musculosos, e usava leves roupas brancas, usando na cabeça uma espécie de turbante. Tinha a pele bronzeada com o rosto avermelhado e uma longa barba branca com alguns fios loiros e sobrancelhas grossas. Os olhos do homem, pequenos e pretos, encontraram com os de Brian. O homem sorriu.

- Bem vindo. - Disse, com uma voz esganiçada bastante calma. - Em que posso ajudá-lo?

- Eu estou procurando uma espada.

O homem riu, tossiu e voltou a rir. - Uma espada, é? Eu tenho muitas espadas. Os aventureiros se cansam de suas velhas espadas e me vendem elas por um preço bastante baixo. É uma pena que eles não entendem como uma espada se sente ao ser descartada...

- O senhor fala como se elas fossem vivas.

O homem sorriu. - Talvez elas sejam.

Brian ficou tentando entender o que aqulo significava enquanto o velho procurava uma espada. Após alguns instantes, o homem voltou para Brian segurando um sabre. Não parecia ser muito diferente dos sabres vendidos nas lojas de arma. Ao menos ele era idêntico ao que tinha no catálogo da loja de armas de Prontera. Brian desembainhou a espada e a pôs contra a luz do Sol. As ondulações do metal da espada eram diferentes das de uma espada normal.

- Refinada sete vezes, com espaço para três cartas. - Disse o homem.

Brian admirou a espada por mais alguns instantes, então a embainhou. - Desculpe, senhor. Provavelmente não tenho dinheiro para comprá-la.

O homem coçou sua longa barba. - Que tal uma troca?

- Uma troca?

- Sua espada velha e o que você puder pagar por esta espada. Que tal?

- Mas... minha espada está quase se quebrando, e o que eu tenho não cobriria o preço de uma espada dessa.

O homem sorriu. - Não se preocupe com isso. Eu não tenho dificuldades em achar minérios, nem em refinar armas. Além do mais, essa espada me foi dada por um homem que havia cansado de sua vida de aventuras. Não derramei uma gota de suor e não gastei quase nenhum zeny para obtê-la.

Brian analisou a situação. Carregava consigo, além do dinheiro que Muhae havia dado para o grupo, cento e vinte e cinco mil zenies que Adelina havia lhe enviado antes da ida para Morroc. Pensou por bastante tempo até finalmente aceitar a proposta do velho. Entregou-lhe sua velha espada e o dinheiro que Adelina havia lhe dado, recebendo em troca o sabre. Brian sentiu um aperto no peito ao se desfazer de sua velha espada. O homem analisou a espada e sorriu para Brian.

- Eu tomarei conta dela, jovem.

- Obrigado. Eu também tomarei conta desta.

Brian estava prestes a se virar para ir embora, quando o homem o chamou.

- Diga-me, jovem, qual seu nome?

- Brian Garamond. - Disse Brian, se perguntando por que o vendedor havia lhe perguntado o nome.

- Brian. É um bom nome. Uma vez eu conheci um outro Brian. Era um bom homem. Eu me chamo Eitri, jovem. Que Thor o acompanhe em suas jornadas.

O homem então se levantou para voltar para o interior da loja, levando consigo a antiga espada de Brian. Porém, quando o homem desceu da cadeira ele havia ficado mais baixo que o balcão. Só então Brian percebeu que Eitri era um anão.

---
Orfeu e Taemi haviam decidido esperar Brian numa tenta que vendia quitutes tradicionais de Morroc. Taemi havia ficado enojada com as caudas de escorpião fritas, preferindo escolher um filé de peco peco marinado com ervas e um chá de ervas. Orfeu apenas havia pego uma salada de frutas. O fervor da cidade impressionava os dois.

- Sabe - Disse Taemi, com a boca cheia de comida. - Lá em Amatsu as coisas são bastante calmas.

- É? - Perguntou Orfeu, entretido com sua sala da frutas.

- Sim! - Taemi falou com tanta empolgação que, sem querer, cuspiu um pouco da comida no cabelo de Orfeu. - Em Amatsu todos são gentis e cordiais! Nós temos uma cerejeira gigante onde as pessoas costumam celebrar casamentos e uma ponte sobre um lago onde os namorados costumam ficar!

Orfeu olhou para Taemi, curioso. Era a primeira vez que a garota falava sobre sua terra natal. - Conte-me mais.

Taemi sorriu, empolgada. - As casas lá são lindas! São bem diferentes das casas aqui em Midgard. E quase todas tem passagens secretas! E dizem que existem ninjas a serviço do imperador, mas ninguém nunca viu um! Acho que é por isso que eles são ninjas. E o palácio do imperador! Ele é aberto a visitas, e ele é gigante! Quase tçao grande quanto o castelo do rei em Prontera! Eu e o Muss costumávamos brincar de esconde-esconde no palácio e...

Orfeu interrompeu Taemi. - Muss? Quem?

- Eu nunca falei sobre ele? O nome dele é Mousse Gosunkugi, um amigo de infância meu. A família dele é bastante próxima da minha, então eu e ele crescemos como se fôssemos irmãos. Ele é alguns anos mais novo que eu, uns cinco, mas ele é bastante forte! Uma vez um kappa tentou me pegar, mas ai o Mousse deu um chute na cara do kappa! O chute foi tão forte, mas tão forte, que o kappa saiu voando e desmaiou!

Orfeu acabou entretido com as histórias de Taemi por alguns minutos, mas o som de passos lhe chamou a atenção. Brian estava vindo, e em sua cintura estava pendurado um sabre.

- Então, conseguiu achar um sabre, é? - Disse Orfeu, apontando um lugar para Brian sentar.

- Sim. Eu... acho que a senhorita sorte sorriu para mim hoje.

Brian se sentou e pediu um chá de ervas com mel, mas, assim que o chá ficou pronto e lhe foi servido, uma garota passou correndo, se esbarrando em Brian e fazendo com que ele caísse em cima de Orfeu. Logo em seguida dois cavaleiros passaram correndo, perseguindo a garota. Brian e Orfeu se levantaram em um pulo e se entreolharam.

- Taemi, você está com minha parte do dinheiro, certo? Pague a conta e nos espere no hotel. - Disse Orfeu, conjurando uma magia de aumentar agilidade em Brian e em si mesmo.

- Onde vocês vão? - Perguntou Taemi, confusa.

- Dois cavaleiros correndo atrás de uma garota. Isso não deve ser coisa boa.

Os dois dispararam em perseguição aos cavaleiros. Como estes não estavam montados em peco pecos, a dupla havia achado que seria fácil alcançar eles, mas as ruas tortuosas de Morroc acabaram confundindo os dois, que perderam os cavaleiros e a garota de vista.

- Vamos nos separar. - Disse Brian. - Você vai reto, eu vou por aquela rua.

Orfeu assentiu e seguiu em direção a rua que estava a sua frente, enquanto Brian pegava uma rua que levava para a direita da cidade. As construções e as pessoas passavam como borrões para Brian, que corria o máximo que conseguia. Quase se esbarrou em uma ou duas pessoas, mas continuou correndo até começar a sentir falta de ar. Havia parado numa rua em forma de 'T' para recuperar o fôlego quando ouviu sons de passos. A garota, uma gatuna de cabelos castanhos, corria em direção a ele, ainda sendo perseguida pelos cavaleiros. Talvez por causa da pressa para tentar se livrar dos homens ela acabou não percebendo uma pequena pedra e tropeçou nela, caindo aos pé do espadachim. Os cavaleiros se aproximaram, com suas lanças apontadas para a gatuna. Um era alto, com cabelos loiros curtos e um rosto triangular. O outro era baixo, com cabelos castanhos longos e oleosos e um rosto roliço.

- Você está presa em nome do Rei Tristan Terceiro! - Gritou o cavaleiro loiro.

- Vocês não tem provas de que fui eu! - Gritou a garota, em um misto de raiva e medo.

- Você fugiu! Que mais provas nós precisamos.

- Que mais provas vocês precisam? - Bria havia se irritado vendo cavaleiros falando daquele modo. - Vocês são cavaleiros, defensores da honra e da justiça! Onde está a justiça em prender uma garota sem provas? Grandes cavaleiros vocês são!

O cavaleiro rangeu os dentes, avançou alguns passos e apontou a lança para a garganta de Brian. - Eu sou a justiça e a honra, e eu estou dizendo que essa garota vai presa. Agora.

Brian notou que Orfeu se aproximava. Quando o noviço notou que o cavaleiro ameaçava o amigo, fez menção de pegar sua maça. Brian fez que não com a cabeça. Seria burrice comprar uma briga com dois cavaleiros armados com lanças. O outro cavaleiro notou o gesto de Brian e se virou, apontando sua lança para Orfeu.

- Deixem eles em paz! - Gritou a garota, acertando um chute na perna do cavaleiro.

- Sua ladra maldita! Você pediu por isso!

O cavaleiro ergueu sua lança, pronto para estocá-la na garota. Brian pôs a mão no seu sabre, disposto a sacá-lo para tentar desviar o golpe, mas, antes que removesse o sabre da bainha, um escudo passou voando por ele e acertou o cavaleiro em cheio no rosto, que desmaiou com o nariz e alguns dentes quebrados. Atrás de Brian estava, vestido com a típica armadura de templário, o chefe da guarda real e líder da expedição da pirâmide, John.

- Qual parte do "tentem não se matar" vocês não entenderam?

A voz de trovão do homem e seus gélidos olhos cinzentos fizeram com que o segundo cavaleiro largasse a lança no chão e algo em sua cueca. Brian ajudou a gatuna se levantar enquanto Orfeu ia agradecer a ajuda do templário.

- Obrigada. - Disse a gatuna.

- Não há de que. Está machucada?

A garota olhou para a palma das mãos, que sangravam por causa da queda. - Eu estou bem.

Brian pegou um frasco de poção branca, o destampou e, puxando as mãos da garota para perto de si, derramou o líquido sobre as feridas.

- Pronto. - Disse Brian, sorrindo.

A garota ficou enrubescida e puxou suas mãos de volta para perto de si. - Obrigada. - Disse baixinho.

- Espadachim! - Gritou o capitão. - Venha comigo. Temos que repassar o plano de ação do seu grupo. E você, cavaleiro, arraste seu amigo e nós siga.

Brian engoliu em seco e sorriu para a gatuna. - Até algum dia.

Brian foi até onde Orfeu e o capitão da guarda estava. Ele mandou Orfeu ir buscar Taemi e mandou Brian segui-lo para o acampamento. Todos foram embora deixando a gatuna só.

---
Catherina voltou para sua cabana ainda abalada. Mas decidiu focar sua mente em outra coisa. Haviam a visto dentro da casa que ela havia invadido e haviam alertado alguns cavaleiros sobre o furto. "Burra, burra, burra, você devia ter tomado mais cuidado", repetia para si mesma. Como estava escuro, provavelmente não haviam visto seu rosto. O fato de que cavaleiros haviam perseguido outros gatunos antes de perseguirem ela confirmava isso. Mas também graças a ação afobada dos cavaleiros, boatos corriam a cidade. Boatos de uma gatuna que invadia uma casas em noites de ventania. "Vento Noturno" era como chamavam a tal ladra. Catherina gostou do nome. Mas não gostou de que estavam a associando a outros furtos. "Acho que vou ter que arranjar um jeito de limpar a barra da Vento Noturno", pensou Catherina.

- Cat?

Uma voz familiar arrancou Catherina de seus pensamentos e a trouxe de volta ao mundo real. Paul, o arruaceiro loiro, estava atrás dela. Catherina abriu um largo sorriso ao ver o amigo. Ele havia deixado de dar noticias havia algum tempo, e ela estava começando a ficar preocupada.

- Paul! Onde você esteve? O que foi isso no seu ombro?

Paul riu e pôs a mão no ombro. Seu ombro esquerdo e seu tronco estavam cobertos por ataduras um pouco manchadas de sangue. - Acidente de trabalho. Nada de mais, apenas uma flechada.

Catherina tentou não se preocupar, mas não conseguia. Desde a morte dos seus pais e do sumiço de Sean, Yan e o resto do clã, Paul era seu único amigo. Paul notou a preocupação no rosto da garota e bagunçou seus cabelos.

- Venha, eu te pago um suco de mastela.

Os dois seguiram até uma hospedaria. Estava quase na hora do almoço, então Paul pediu um assado de selvagem para ele e para Catherina, além do suco de mastela prometido. Paul contou alguma de suas aventuras para Catherina. Ele estava procurando por um objeto que valia muito a pedidos de um nobre de Prontera. Ele não sabia direito o que era o objeto, mas julgava ser um símbolo de Sol, a deusa da estrela de mesmo nome. Catherina ouvia com atenção a tudo que Paul contava, dando mais atenção ao arruaceiro do que a seu prato de comida. Quando Paul terminou sua história, a mente de Catheria foi puxado para outra coisa.

- Paul.

- Sim?

- Eu... preciso de um favor seu.

- Tudo por você, Cat.

- Um espadachim me salvou de dois cavaleiros hoje, mas eu não sei o nome dele.

Paul riu, embora exibisse uma expressão de preocupação. - É só eu me afastar por um tempo que você arranja encrenca. Imagino que você queria que eu descubra o nome do espadachim?

Catherina ficou com o rosto levemente vermelho e fez que sim com a cabeça.

- Então você poderia começando descrevendo ele para mim.

- Ele tem mais ou menos a minha altura, e deve ter uma idade próxima a minha. Ele tinha cabelos castanhos e olhos azuis bem claros.

- Espadachim de cabelos castanhos e olhos azuis. Tem muitos assim por aí. Algo mais?

- O cabelo dele era meio comprido, e ele tinha duas espadas na cintura.

- Algo mais?

- As sobrancelhas dele são meio finas. - Catherina parou um instante para pensar. - E ele estava junto a um noviço de cabelos brancos.

- Um noviço de cabelos brancos, é? Bom, já é um começo. Amanhã pela manhã começarei a procurar por ele.

Paul chamou o dono da hotelaria e pagou a ele pela comida. Seguiu junto com Catherina até a casa dela, onde se despediu.

- Tente ficar longe de encrencas. Eu tenho que resolver alguns assuntos, mas se quiser eu posso passar aqui mais tarde para jantarmos.

- Eu ficaria grata.

Paul piscou um olho e acenou. - Então até mais tarde.

---
Após os sacerdotes do grupo cuidarem das feridas do cavaleiro que recebeu uma escudada no rosto, Brian, Orfeu e Taemi seguiram para uma tenda onde estavam repassando os planos de ação. O plano era bastante simples do grupo de Brian, o grupo B, era bastante simples. Enquanto o grupo A seguia até onde ficaria o Osíris, o grupo B iria até os domínios do Amon Rá assim que a trégua dos monstros fosse declarada. A ideia era minar as forças do antigo faraó para que ele não pudesse mais continuar enviando tropas. Se possível fosse, eles poderiam derrotar o Amon Rá, o banindo temporariamente para o lugar onde os monstros especiais como ele vão quando morrem. Brian olhou bem para uma sacerdotisa. Ela havia sido a razão dele e seus amigos terem ido para Morroc, e eles deveriam se certificar que ela ficaria bem. "E eu nem sei o nome dela ainda", pensou Brian. O capitão anunciou que iria repassar o plano de ação com o outro grupo e se retirou. Os membros do grupo B começaram a conversar entre si sobre os mais variados assuntos, tentando quebrar o clima tenso. Brian, chamou a atenção de Orfeu e Taemi e apontou com a cabeça para a sacerdotisa.

- Vamos falar com ela.

Orfeu e Taemi fizeram que sim com a cabeça e seguiram Brian. A sacerdotisa estava só, sentada em um banco. Estava de olhos fechados, cantarolando uma canção que Brian nunca tinha ouvido. Quando notou a presença do trio, ela abriu os olhos, castanhos tão escuros que pareciam ser pretos, e sorriu.

- Olá. - Disse ela. Tinha uma voz bastante doce.

- Olá. - Disseram Brian, Taemi e Orfeu quase em uníssono, o que acabou constrangendo os três.

A sacerdotisa riu. - Vocês não são meio novos para estarem numa missão arriscada como essa?

- Nós fomos mandados para cá. - Disse Brian.

- Sério? E quem mandaria três crianças para uma missão desse porte?

- O monge superior nos mandou. - Dessa vez foi Orfeu quem falou.

O rosto da sacerdotisa fechou. - Monge superior? Você quer dizer, Muhae?

Brian fez que sim com a cabeça. Um mecha do loiro cabelo da sacerdotisa ficou na frente de um dos seus olhos enquanto ela rangia os dentes.

- Eu vou matar aquele gordo careca quando voltar para a abadia! O que deu na cabeça dele?

- Ele disse que devíamos procurar por você e te manter em segurança, porque você poderia saber informações importantes para a igreja. - Disse Taemi, um pouco assustada com a sacerdotisa.

- Sim, eu sei de algo importante, é verdade. Mas o que eu sei, todos os que estão aqui no acampamento a muito tempo sabem. Não tem porque vocês ficarem aqui. Vão para casa.

- Mas Muhae nos pediu para te manter em segurança. Nós iremos cumprir a missão que nos foi dada. - Brian tentou soar firme, mas sentia que não havia conseguido.

- Vocês querem saber porque ele pediu para vocês me manterem em segurança? Muhae é membro da igreja a quase cinquenta anos, mas a vinte de cinco anos atrás ele quebrou um juramento. Os monges da Abadia de Santa Capitolina deveriam se manter castos, como a própria santa, que dedicou toda sua vida para Odin. Mas ele quebrou o juramento. Ele conheceu uma moça, e eles se amaram. E, do fruto do amor dos dois, uma garotinha nasceu. Mas ele era um membro de prestigo da igreja! Ele não podia deixar o mundo saber da verdade!

- O que você quer dizer com isso? - Perguntou Brian, embora já soubesse a resposta.

- O que eu quero dizer com isso é que o monge superior, Muhae, é meu pai.

---
- Estou atrasado?

- Pontual, como sempre.

Paul sorriu e Catherina sorriu de volta. Ela se sentia feliz tendo o amigo por perto de novo. Seguiram até um restaurante da cidade. Paul fez questão de escolher todos os pratos, e Catherina imaginou se era isso que era comer como uma rainha. Haviam abrido com uma salada verde. Era estranhamente adocicada, já que usava folhas de aloé, folhas de hinalle e um molho doce, além de outras folhas, mas era deliciosa. Em seguida, comeram uma sopa. Era uma receita tradicional de Louyang, conhecida como sopa do dragão ascendente. Era bastante picante, o que fez com que Paul e Catherina pedissem bebidas após terminar a sopa. Catherina pediu um suco de frutas divino, e Paul pediu um Tristam doze anos. Após terminarem de beber, riram. A sopa havia sido picante demais para a língua dos dois. Para a sobremesa, Paul pediu um bolo de pêssegos para ele e um bolo-mousse de chocolate para Catherina. Quando terminaram, estavam tão cheios que mal conseguiam levantar das cadeiras.

- Acho que eu nunca comi tanto na minha vida. - Disse Catherina, rindo.

- Eu tinha que te compensar pelo meu sumiço. - Disse Paul. Ele tinha um belo sorriso.

- Está perdoado.

- Mas eu terei que te pedir desculpas de novo.

- Como assim?

Paul se ajeitou na cadeira. Seu rosto estava sério. - Cat, eu recebi uma carta do meu contratante pouco depois de te deixar em casa. Ele quer que eu vá para Prontera amanhã de manhã. Me desculpe, mas eu não poderei procurar o espadachim como você me pediu.

Catherina deixou a sua decepção transparecer pelo seu rosto. - Entendo.

- Me desculpe.

- Tudo bem.

Paul pagou a conta do suntuoso jantar e deixou Catherina em casa. Após Paul ter ido embora, a garota se despiu e se jogou na cama. Agora ela tinha que arrumar um modo de limpar a barra de seu alter ego e descobrir o nome do espadachim que a salvou. Catherina suspirou e fechou os olhos. Com o gélido vento da noite que entrava pela janela acariciando seu rosto, caiu no sono em instantes. Sonhou com Paul e com todas as aventuras que ele havia lhe contado. Sonhou em como seria viver as aventuras ao lado dele, não ser ter de ficar só em Morroc. Sonhou com o espadachim que a salvou. Sonhou com sangue.

---
Um cavaleiro e um arruaceiro corriam numa floresta. As luzes de uma cidade estavam visíveis, embora estivessem distantes. O cavaleiro ofegava pesadamente, provavelmente por causa do peso de sua armadura.

- Continue correndo! - Ordernou, quando notou que o arruaceiro havia parado para lhe ajudar. - Se ele nos alcançar, estamos perdidos!

As palavras mal haviam saído da boca do cavaleiro quando um vulto passou por eles, abrindo um corte na bochecha do cavaleiro. Um mercenário ficou visível por uma fração de segundos antes de sumir nas sombras novamente.

- Apareça, covarde! - Gritou o arruaceiro, mantendo um embrulho contra seu peito enquanto apontava uma gladius para o vento.

- Me entreguem ela, se querem viver. - Disse a voz, vinda de lugar nenhum e de todos os lugares ao mesmo tempo.

- Não. Não iremos entregar nada. E Nós não vamos morrer. Ao menos não hoje.

O cavaleiro assobiou. O sibilo ecoou pela floresta, mas nada aconteceu. O mercenário então se revelou. Tinha cabelos, amarelos como o ouro, bastante bagunçados. A parte inferior de seu rosto estava oculta por uma máscara, mas seus penetrantes olhos castanho-amarelados eram visíveis. Ele apontou uma katar em direção aos dois.

- Me entreguem ela. Eu sei que ela está com vocês.

Como o cavaleiro e o arruaceiro se mantiveram calados, o mercenário decidiu avançar. Mal deu um passo e uma seta passou zumbindo por ele. Em seguida uma segunda seta o atingiu na coxa, e uma terceira nas costas. O pavor tomou conta do mercenário, que tentou se jogar nas sombrar para desaparecer. Porém, nas sombras um ferreiro esperava por ele. O homem ergueu seu machado até acima de sua cabeça. O mercenário tentou atacá-lo, mas uma quarta flecha o atingiu no ombro. A dor fez o mercenário se contorcer e abortar o ataque. O ferreiro então acertou-o com o machado, rachando seu crânio e metade de seu corpo, até pouco acima do umbigo. O cavaleiro fez uma expressão de desgosto.

- Você não precisava tê-lo matado.

- Era ele ou nós. - Disse o ferreiro, removendo seu machado do cadáver do mercenário.

O arruaceiro pôs a mão no ombro do cavaleiro. - Vamos, Sean. Estamos perto de Alberta.

Um sacerdote e dois caçadores saíram do meio das árvores. Os caçadores foram ver como os amigos estavam, enquanto o sacerdote proferia algumas palavras sagradas para o cadáver. Após terminar de dizê-las, fez uma careta e se virou para o grupo.

- Temos que ser rápido. O resto da Ordem já está nos esperando.

Todos concordaram com a cabeça e seguiram em frente. Esperavam não sofrer mais nenhum ataque, então os caçadores, o ferreiro e o sacerdote não se esconderam. Faltava pouco para chegarem em Alberta, onde eles poderiam ter alguma esperança de encontrar o que eles procuravam. O vento gelado da noite brincava com o cabelo do grupo enquanto eles avançavam rumo a cidade portuária.

Continua...


Última edição por Brian em Ter Mar 17, 2015 11:50 pm, editado 2 vez(es)
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Mensagem por Kiko Chuck Sex Dez 14, 2012 1:36 pm

wtf... quando foi que vc voltou a usar o fórum? acho que só tem vc agora auohaeuoahesoah olhei aqui só por olhar e ... Posts novos! Mas hein? hasoheahuoaes
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Mensagem por Brian Sáb Dez 15, 2012 12:53 pm

Sim, acho que só tem eu mesmo. e_e
E eu nunca parei de usar o fórum, risos. :V
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Mensagem por Brian Ter Abr 15, 2014 12:09 pm

Capítulo Seis
A Fúria dos Reis

---
Catherina bebericava uma caneca de chocolate quente. Ainda amanhecia em Morroc, e o frio noturno da cidade ainda não havia sido substituido pelo tradicional calor infernal do deserto. A grande maioria dos mercadores ainda não haviam montado suas lojas, mas Catherina havia dado a sorte de encontrar um que havia chegado mais cedo e havia aberto a loja antes de todos. "Freyr ajuda quem cedo madruga", havia dito o mercador quando Catherina expressou sua surpresa pelo fato dele já ter aberto sua loja. Tomou mais um gole do chocolate. Paul iria aparecer em breve para pegar um portal com a Kafra, e Catheria aproveitaria para se despedir do amigo antes dele ir para Prontera. O tempo passava e as pesoas começavam a ir para as ruas. Catherina prestou atenção em tudo que eles falavam. Alguns falavam de Vento Noturno, o misterioso ladrão ou ladra, enquanto outros falavam sobre a invasão na pirâmide que ocorreria. A princípio Catherina prestou pouca atenção no assunto da invasão, mas depois se lembrou de que o espadachim havia a salvo estava acompanhado por um templário que havia citado algo sobre repassar um plano. Isso atiçou a curiosidade da garota. Talvez o espadachim fizesse parte grupo que iria ir para as pirâmides. Estava tão absorta em pensamentos que não havia reparado no arruaceiro de longos cabelos loiros atrás dela.

- Cath? Cath, está me ouvindo?

A garota se virou. Paul sorria amigavemente para a jovem, que retribuiu o sorriso. - Ah, oi.

- Veio me desejar uma boa viagem? - Disse, rindo.

A garota sentiu o rosto enrubrecer. - Achei que você gostaria de me ver uma última vez antes da viagem. Afinal, as vezes você some por tanto tempo...

Paul sorriu. Tinha um belo sorriso. - Estou bastante feliz em saber que você se deu o trabalho de acordar tão cedo só para me ver. Bom, talvez tenha sido obra de Skuld. - Paul deu um breve riso. - Tem algo que eu quero lhe entregar.

Catherina terminou seu chocolate quente e entregou umas moedas para o mercador, que agradeceu. - O que?

- Isso aqui... ah, onde está?

Paul começou a mexer em seus bolsos até encontrar o que procurava. Mostrou uma pequena pedra amarela semi-transparente com um símbolo que lembrava vagamente uma runa encravado nela e a entregou para a garota.

- E o que é isso? - Catherina girava a pedra na mão. Era bastante leve.

- Isso é uma pedra comunicadora. Eu sei que não faz nenhum sentido, mas essas pedras permitem que você transmita mensagens e ouça sons de outras pedras.

Catherina fez uma careta, tentando entender. - Como assim?

- Digamos que eu esteja em Prontera. Eu foco meus pensamentos em você e falo algo, e o que eu falar você vai poder ouvir, e o que você falar eu poderei ouvir. Eu achei que seria algo interessante para não perdermos contato.

Catherina sorriu. - Foi uma grande ideia. Mas... onde você conseguiu isso? Deve ter sido caro.

- É uma dessas coisas que os sábios de Juno encontram nas ruínas de Juperos. Aparentemente isso é uma réplica de algum tipo de comunicador que eles replicaram usando magia. Foi até barato, estavam vendendo Prontera para arrecadar fundos para uma pesquisa. - Paul riu. - Então, agora eu tenho que ir visitar meu contratante. Me acompanha até a Kafra?

Catherina fez que sim com a cabeça e acompanhou o arruaceiro de cabelos loiros até a fucionária kafra que ficava na parte sul da cidade, uma jovem de longos cabelos castanhos que usava um pince-nez. No caminho notou que vários mercadores já haviam tomado a rua e vendiam suas quinquilharias. Paul se virou para Catherina.

- Então, até logo?

- Até.

Paul deu um caloroso abraço em Catherina antes de ir falar com a Kafra, o que deixou a garota ruborizada. Com um estalar de dedos da jovem de óculos, o loiro sumiu num pilar de luz. A garota suspirou e olhou para a pedra em sua mão. Tinha que ter cuidado para não perdê-la. Aproveitando que um mercador estava distraido, furtou um carretel de barbante de dentro de seu carrinho e seguiu até uma parte calma da cidade. Sentou-se a sombra de uma palmeira e fez uma espécie de colar usando o barbante e a pedra. A garota então se lembrou do que havia ouvido enquanto tomava seu desejum. Coçou a testa e, por fim, se decidiu. Iria ver se sua suposição era verdade. Lembrava-se que o templário que estava com o espadachim que a salvou havia falado algo sobre repassar um plano. Perguntou-se se seria o plano de ação da invasão da pirâmide. Levantou-se, limpou a areia de suas vestes e pendurou o  colar em se pescoço antes de seguir para as pirâmides. Como estava na parte sul da cidade, já estava perto do meio dia quando ela finalmente chegou no acampamento do grupo de expedição. Um cavaleiro alto com cabelos vermelhos como o fogo a encarou, mas nada fez, provavelmente pensando que Cath era parte do grupo.

- Eu tenho que ir desapercebida. - Pensou a garota. - Eles vão acabar notando que eu não faço parte da expedição.

Olhou para os lados. Não havia mais ninguém lá alem dela, mas ouviu sons de passos. Rápida como um raio, se escondeu entre alguns barris de água. Esperou  por alguns instantes até finalmente ver dois caçadores passarem distraidos, conversando. Se seus falcões haviam notado a gatuna, eles não fizeram questão de alertar aos donos. Quando os caçadores já iam longe, Catherina avançou pelo acampamento até ouvir mais sons e achar outro ponto para se esconder. Repetiu esse procedimento até ouvir sons diferentes, sons de um combate. Curiosa, foi até o local de origem dos sons. Um espadachim, que ela reconheceu como o garoto que a salvou, atacava um noviço de cabelos brancos espetados com um bastão de madeira. O noviço bloqueava todos os golpes do espadachim com facilidade, também usando um bastão. Uma garota de longos e lisos cabelos brancos com roupas que lembravam a de um aprendiz estava sentada na plateia junto com uma sacerdotiza loira. Catheria achou a garota de cabelos brancos estranha. Não estava tão claro para ela cerrar tanto os olhos. Após mais algumas trocas de golpes tão fortes que Catheria se surpreendia com o fato de que bastões ainda não haviam quebrado, o noviço fez que ia atacar a lateral direita do espadachim, mirando as costelas, mas rapidamente mudou a direção do golpe, atingindo-o na orelha esquerda. Atordoado, o espadachim pouco pode fazer para bloquear o segundo ataque do noviço, que o acertou na parte de trás das pernas, forçando-o a ficar de joelhos. Catherina ficou impressionada com a luta dos dois. Se não estivesse se escondendo, provavelmente teria aplaudido e gritado.

- Nada mal, Brian. - Disse o noviço, ajudando o amigo a se recompor.

O espadachim, Brian, ainda zonzo, levantou-se com dificuldade. - Um dia, Orfeu. Um dia eu ainda ganho de você.

O noviço riu. - Vai sonhando. Sarah, pode vir dar uma ajudinha aqui?

A sacerdotiza conjurou uma magia de cura no espadachim. Parecia ter aliviado suas dores, embora ele ainda estivesse atordoado. Os quatro ficaram conversando, com o espadachim ainda mantendo a mão sobre a orelha atingida, até  que uma sineta tocou longe. Catherina não sabia o que significava, ma o rosto dos quatro havia ficado branco. Todos se entreolharam.

- É agora. - Comentou a sacerdotiza.

Brian, Orfeu e a garota de olhos cerrados fizeram que sim com a cabeça e, junto com a sacerdotiza, seguiram para a frente da pirâmide.

***
A cabeça de Brian, mesmo com a cura de Sarah, ainda latejava por causa do golpe que Orfeu havia lhe dado, mas não podia ignorar o sinal da sineta. Todos no acampanento estavam esperando ansiosos por isso. O soar da sineta significava que finalmente havia chegado a hora de entrarem na pirâmide para atacar Amon Rá e Osíris diretamente. Era o sinal que indicava que eles haviam dado uma trégua para recuperarem as forças. O velho templário, John, o capitão da guarda real, estava na porta da pirâmide. Dois grupos foram separados, um para atacar Osíris e outro para atacar Amon Rá, ambos dois antigos reis do império que agora era a cidade de Morroc, Epitus. O grupo que iria enfrentar o Osíris era grande, com alguns caçadores carregando aljaves de flechas de prata, enquanto o que enfrentaria Amon Rá era menor, com poucos membros, todos focados em ataques diretos. John havia explicado que isso era porque Amon Rá só invocaria novos servos caso fosse atacado a distância.

- Vocês são a esperança do reino. - Disse John com sua voz de trovão. - Eu realmente gostaria de ser trinta anos mais novo para poder ingressar em algum dos dois grupos, mas infelizmente não sou. Estarei rezando para todos os deuses pela segurança de vocês. Que Tyr os encha de coragem e que a luz de Balder os guie.

Com essas palavras, os dois grupos adentraram a pirâmide. O seu interior era como um estranho labirinto. Se não tivessem um mapa, provavelmente se perderiam por muito tempo. Ou para sempre. O grupo de Brian desejou boa sorte para o grupo que caçaria o Osíris se separou dele no centro da grande construção. Uma escadaria levava para o subterrâneo da pirâmide onde ficava a guilda dos gatunos e, mais abaixo, o território do Amon Rá. Brian, Orfeu, Taemi, a filha de Muhae, Sarah, três cavaleiros, um ferreiro e um mercenário seguiram para o subterrâneo da pirâmide. Um dos cavaleiros liderava o grupo, os guiando com a ajuda de um mapa. Já haviam percorrido vários metros quando Brian chamou a atenção de Orfeu.

- Orfeu? - A voz de Brian parecia insegura.

- Sim?

- Acho que alguém está nos seguindo.

O noviço olhou por trás do ombro. - Não tem ninguém.

Brian fez que sim com a cabeça, embora não totalmente convencido. Ele mesmo já havia checado inúmeras vezes para se certificar que era só impressão, mas sempre achava ter visto um vulto. Decidiu por fim ignorar isso e se concentrar na missão. Achava estranho que não haviam encontrado nenhum monstro. Os minoruros, criaturas que lembravam touros bípedes de coloração amarronzada e que tinham o costume de empunhar um gigantesco martelo, deviam habitar aos montes o local, e devia ser difícil para um touro gigante se esconder. Os cavaleiros conversavam animados com o ferreiro enquanto o mercenário flertava com Sarah, que o ignorava, preferindo conversar com Taemi. Brian trocou olhares com Orfeu. Provavelmente só os dois estavam achando aquela ausência de monstros suspeita, mas continuaram andando até chegarem perto da entrada do segundo andar do subssolo. Avançaram maus um pouco e uma voz ecoou, vinda das paredes. Todos pararam, surpresos.

- Homens a serviço do rei, eu sei porque estão aqui. - A voz soava cansada, como se um ancião de vários milênios estivesse falando. - Minhas tropas não tem condição de revidar seu ataque. Portanto, eu quero fazer um pedido de paz. Eu não irei atacar Osíris, e tenho certeza que ele concordará em também cessar seu ataque, se vocês não me atacarem.

O grupo se entreolhou. Não acreditavam que o Amon Rá estava propondo um cessar-fogo, mas, se ele estivesse falando a verdade, aquilo seria perfeito. Sarah pigarreou e aumentou seu tom de voz.

- Nós aceitaremos seu pedido de paz se você jurá-lo pelos deuses que não irá atacar Osíris novamente.

- Eu juro. Vocês tem a minha palavra.

Sarah se deu por satisfeita. - Muito bem. Iremos voltar e reportar isso para o capitão.

O grupo deu meia volta e começou a traçar o caminho de volta, mas a voz os fez parar novamente.

- Homens a serviço do rei, meu juramento tem um preço. - A voz de Amon Rá soava sombria. - Um sacrifício de sangue. O sacrifício do seu sangue.

Um dos cavaleiro rangeu os dentes. - Você jurou pelos deuses!

- Eu jurei que não atacaria Osíris. - A voz soava como se aquilo lhe fosse absurdamente divertido, dando-lhe um ar macabro. - Não falei nada sobre vocês.

A frente do cavaleiro, quase como magia, materializou-se um majoruros. Diferente dos minoruros, os majururos possuiam uma coloração avermelhada e possuiam os chifres retos, diferentes dos chifres curvados dos minoruros, dando-lhes uma aparência bastante ameaçadora. Antes que o cavaleiro pudesse tentar investir com sua espada contra o majururos, o monstro havia lhe esmagado o crânio com seu martelo.

- Corram! - Gritou Sarah, puxando Taemi pela mão.

O grupo saiu em disparada pela labirintesca pirâmide, tentando despistar o touro gigante. Um cavaleiros tentou estocar o touro com sua lança, mas o monstro o atingiu na lateral com o martelo, fazendo com que ele fosse arremessado vários mestros até aterrisar com um baque seco. O grupo apressou o passo, aproveitando a pequena pausa criado pelo sacrifício do cavaleiro, mas não conseguiam despistar o  touro.

- Temos que correr para a saída! - Gritou Sarah.

- Não sabemos onde fica! - Dessa vez foi Orfeu quem gritou.

- Eu sei!

O grupo se surpreendeu. Alguns metros a frente deles uma gatuna de longos cabelos cor-de-chocolate, acenava, indicando para onde eles deviam ir.

- Me sigam! - Disse a garota. - Eu conheço a pirâmide como a palma da minha mão!

O grupo decidiu confiar na garota e a seguiram. Ela os guiava pelas curvas do labirinto como se ela passeasse por ele todos os dias antes do café da manhã. Porém, mesmo com a benvinda ajuda, não estavam conseguindo despistar o majoruros, que se aproximava mais e mais.

- Não vamos conseguir despistar o bicho! - Taemi soava nervosa.

A gatuna tentou acalmar Taemi, informando que a saida não estava longe, mas o majoruros chegava mais e mais perto. Orfeu suava frio, e respirava nervoso. Brian percebeu a inquietude do amigo.

- Brian. - Disse Orfeu.

- Orfeu?

- Eu vou distrair o majoruros. - A voz do noviço soava oscilante. - Corram para a saida.

- Não!

Orfeu ignorou  os protestos do amigo, respirou fundo e pegou uma pedra no chão. Virou-se e ficou correndo de costas, mirando a pedra. Os demais membros do grupo notaram o que o noviço fazia. Pondo bastante força no lançamento, jogou a pedra, que acertou bem no meio da testa do monstro.

- Ei, touro! Sua mãe era uma vaca tão gorda que, no lugar de dar leite, ela dava leite condensado!

Se o monstro havia entendido o ou não o que Orfeu havia dito, Brian não tinha certeza, mas ele certamente estava furioso por causa da pedrada. O touro apressou ainda mais o passo. Orfeu pegou outra pedra e, enquanto o resto do grupo seguia reto, seguiu para uma curva, jogando a pedra contra o touro gigante, que também o atingiu em cheio. O touro olhou para Orfeu e mugiu furiosamente.

- Aqui! - Gritou para chamar a atenção do majoruros. - Vão para a saída!

Brian e Taemi gritaram para Orfeu voltar, mas o majoruros havia o seguido, impossibilitando uma mudança de planos por parte do noviço. Mas graças a isso, o grupo estava fora de perigo.

- Temos que salvar ele! - Disse Brian.

O espadachim deu meia volta e correu, indo em direção de onde Orfeu e o majoruros haviam seguido, mas algo o puxou pelo braço. Era a gatuna.

- Olha, você me salvou uma vez. Eu não vou deixar você se matar assim. - Ela encarava Brian nos olhos. - Seu amigo se sacrificou por nós, então vamos logo. Não vamos fazer o sacrifício dele ser em vão.

Brian ficou em silêncio por alguns instante, mas por fim concordou, acenando com a cabeça. O grupo começou a avançar em silêncio. Ninguém queria falar sobre o que havia acontecido. Estavam perto da saída quando pesados passos quebraram o silêncio. Outro majoruros guardava a porta.

- Essa não. - Disse o mercenário.

O majoruros ergueu seu martelo e mugiu furiosamente, mas uma lança surgiu, saindo de dentro de sua boa. O monstro largou sua arma, que gerou um estrondoso som ao atingir o chão, e tombou inerte com um pesado baque. Atrás dele estava uma cavaleira e uma sacerdotiza.

- Vocês estão bem? - Perguntou a cavaleira. Tinha longos cabelos rosados. - Estavamos ouvindo sons estranhos lá fora, então John nos mandou para investigar. O que um majoruros fazia aqui?

- Temos muito para explicar. - Disse Sarah. - Mas mande uma equipe de busca fazer uma ronda por aqui. Temos dois mortos e um desaparecido.

***
Sarah e a gatuna, que havia se identificado como Catherina, tentavam consolar Brian e Taemi. As equipes de busca rondaram toda a pirâmide, mas não encontraram Orfeu. Os cadáveres dos cavaleiros e dos mortos do grupo que ia atacar o Osíris, porém, foram rapidamente encontrados. O capitão da guarda real havia feito um relatório sobre o ocorrido e o enviado para Muhae. Brian imaginou qual seria a reação do velho monge.

- Se ele não foi encontrado... quer dizer que ele ainda pode estar vivo, não é? - Disse Taemi, suluçando.

Sarah suspirou. - Eu não sei. Eu acho difícil...

Brian deu um murro na própria perna. - Ele ainda está vivo! Eu sei que ele está!

- Brian... - Sarah foi até o garoto e limpou as lágrimas que escorriam de seu rosto. - Eu sei que isso é difícil...

Brian se esquivou de Sarah e a encarou nos olhos. - Ele não morreu!

Sentindo as lágrimas voltarem, Brian se levantou e correu em direção a Morroc. Sarah tentou ir atrás dele, mas o espadachim era mas rápido que ela.

- Eu vou atrás dele. - Disse Catherinha. - Eu conheço as ruas de Morroc. Eu vou evitar que ele se perca.

A garota saiu em direção à Jóia do Deserto, deixando Sarah e Taemi sós. A jovem de cabelos brancos ainda chorava pela perda do amigo. A sacerdotiza seguiu para a tenda onde a garota estava e sentou-se ao lado dela.

- Eu não devia ter deixado vocês irem. Foi minha culpa.

- Não. - Disse Taemi, balançando a cabeça. - Nós tinhamos noção dos ríscos que corríamos. Não foi culpa de ninguém além do Amon Rá.

Sarah ficou sem saber o que dizer. Limitou-se a olhar para os próprios pés e deixar o silêncio falar pelas duas.

***
Catherina pulava de telhado em telhado procurando por Brian. "Ele não deve ter ido muito longe", pensou Catherina. Ela sabia que se o espadachim saisse da cidade ele poderia dar de cara com o freooni, um estranho monstro que vaga pelo deserto, e decidiu acreditar que Brian também sabia disso. Em poucos minutos já havia rondado metade de Morroc e não havia encontrado o espadachim. Catherina estava começando a ficar preocupada. Após procurar pela cidade por mais alguns minutos, decidiu que ele não deveria estar mais em Morroc, mas ele que não deveria ter ido muito longe. Catherina então decidiu arriscar e seguiu para a direita da cidade, saindo para o Deserto de Sogart. Sua intuição se provou certa. Sentado a sombra de uma pirâmide, estava Brian. Estava com a cabeça apoiada nos joelhos e abraçava as pernas. Catherina se aproximou em silêncio e sentou-se ao seu lado. Nenhum dos dois falou por alguns minutos, até Catherina decidir quebrar o silêncio.

- Eu sinto muito por seu amigo... - Ela parou por alguns instantes. Como Brian não respondeu, ela continuou. - O ato dele foi muito nobre. Se sacrificar para salvar aqueles a quem ele amava... - Catherina parou por alguns segundos. - Igual aos meus pais.

Brian ergueu o rosto. Estava com os olhos bastante vermelhos. - Seus pais?

A garota acenou com a cabeça. - Sim. Há quatro anos atrás houve um conflito entre dois clãs aqui em Morroc. A Bra Oms e... - Catherina parou. Ela não sabia qual era o nome do clã de Sean. - E um outro clã. Eu estava nas ruas de Morroc quando alguns membros da Bra Oms me cercaram. Meus pais se sacrificaram para me salvar.

- Eu sinto muito.

Catherina balançou a cabeça. - O passado fica no passado. Eu sinto falta deles, e todas as noites eu desejo que eles ainda estivessem comigo. Mas não se pode mudar o que já aconteceu.

Brian ficou em silêncio. Não sabia o que responder.

- Você deveria voltar para o acampamento. - Disse Catherina. - Estão preocupados com você.

Brian assentiu com a cabeça e se levantou. Limpou a areia de suas roupas e estendeu a mão para Catherina. - Vamos.

A gatuna sorriu. - Vamos.

Continua...
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